Esta empresa de residência estudantil está transformando as repúblicas
Uliving, criada em 2012, gere edifícios de hospedagem estudantil. Melhores conexões, profissionalismo e segurança estão entre diferenciais defendidos
Mariana Fonseca
Publicado em 28 de setembro de 2019 às 06h00.
Última atualização em 28 de setembro de 2019 às 06h00.
No centro da cidade de São Paulo, o Hotel Jaguar foi construído nos anos 40 e hospedou celebridades como o cantor Roberto Carlos. Hoje, passam pelo edifício estudantes de graduação e pós-graduação . Os jovens moradores se reúnem para assistir à televisão, cozinhar ou estudar. Depois, retornam a pequenos quartos. Parece uma república -- mas com um toque a mais de design e organização.
Essa é a proposta da Uliving. Criada em 2012, a empresa de residência estudantil compartilhada (ou coliving ) tem 500 camas locadas nas cidades de São Paulo, Sorocaba e Ribeirão Preto. O número deve chegar a 2.000 até o final de 2020, e até 5.000 até 2023. Para isso, a Uliving captou investimentos para inaugurar imóveis em novos locais -- como o Rio de Janeiro.
Potencial na residência estudantil
A Uliving foi fundada pelos sóciosCelso Martinelie Juliano Antunes em 2012. Enquanto Antunes trabalhou no mercado imobiliário, Martineli trabalhou em hotelaria. “Víamos uma lacuna em moradia estudantil no Brasil, mesmo o país tendo uma população estudantil maior que a de muitos países europeus”, diz Antunes.
A principal inspiração dos sócios foi o The Student Hotel, fundado pelo britânico Charlie MacGregor na Holanda. No Reino Unido, o mercado de acomodações feitas para estudantes foi avaliado em mais de 3 bilhões de libras em 2018 (15,4 bilhões de reais).
O Brasil tem 8,4 milhões de estudantes matriculados no ensino superior. No último ano, 60% das matrículas foram presenciais. Antunes estima que 30% desses alunos vêm de outros estados e obrigatoriamente procuram uma nova moradia -- portanto, seriam o público-alvo da Uliving.
Prédios para estudantes
A primeira residência estudantil da Uliving foi inaugurada no final de 2014, em Sorocaba (São Paulo). Hoje, há um prédio em Ribeirão Preto (São Paulo) e outros dois na capital paulista, nos bairros do Centro e dos Jardins. Em breve, a Uliving abrirá uma unidade no Rio de Janeiro.
A idade dos moradores costuma variar de 17 a 25 anos de idade. É preciso ter comprovante de matrícula ou passar por uma avaliação de caso pela Uliving. As mensalidades vão de 900 reais (apartamento com dois quartos em Sorocaba) até 4.350 reais (master studio com cozinha e vista no Rio de Janeiro).
Os estudantes alugam quartos individuais ou compartilhados e fazem uso de áreas de convivência como salas de televisão, espaços de estudo, cozinha, lavanderia e churrasqueira/espaço de convivência na cobertura do prédio.
Segundo Antunes, o primeiro benefício do modelo em relação a uma república é a profissionalização. Além de investimento na segurança do prédio e avaliação prévia dos moradores, os estudantes pagam um valor fixo de aluguel que já inclui contas de água, energia e gás.
Funcionários dos prédios estão disponíveis para dar conselhos sobre qual região frequentar, a quais estabelecimentos ir e inclusive fazer companhia aos alunos. “A mobilidade de alunos por estados só aumenta, mas os estudantes brasileiros são mais próximos da família do que os europeus, por exemplo. Por isso, Investimos no suporte dos funcionários aos moradores”, diz Antunes.
O segundo benefício são os espaços de convivência com todo o edifício. Além do contato com estudantes fora do círculo de amizades -- mais comum nas repúblicas --, as unidades da Uliving recebem eventos de faculdades e de companhias sobre práticas de estudo e do mercado.
Investimento em imóveis
A empresa de residências estudantis tem 500 camas locadas, número que deve chegar a 1.200 até janeiro de 2020 e 2.000 até o final do mesmo ano. Até 2023, a projeção é de 5.000 camas.
O negócio faturou cinco milhões de reais no último ano e estima chegar a 10 milhões de reais neste ano. Em 2020, o faturamento deve novamente dobrar, para 20 milhões de reais.
Além do aluguel pago pelos estudantes, a Uliving capta recursos para seus novos edifícios por meio de um veículo de investimentos. A empresas do setor imobiliário Grosvenor Group e VBI Real Estate fizeram uma rodada de investimento de 300 milhões de reais nos empreendimentos da Uliving. A taxa de retorno aos investidores está entre 10 e 12%.
A captação de investimentos é grande porque é um mercado de capital intensivo: os prédios do Jardins e do Rio de Janeiro totalizam um investimento de 80 milhões de reais, por exemplo. A Uliving ganha menos custos e agilidade ao adquirir e modernizar edifícios existentes, processo chamado de retrofit no mundo da arquitetura. É o caso do antigo hotel Jaguar.