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Destruição de objetos vira negócio nos EUA

Claire Martin © 2016 New York Times News Service Quando era adolescente na Zona Sul de Chicago no fim dos anos 1990, Donna Alexander imaginava como seria criar um espaço onde pessoas estressadas pudessem aliviar a tensão de forma segura e não violenta – quebrando manequins, aparelhos de TV, móveis e outros objetos. Ela acreditava […]

DIA DE FÚRIA: Diane Casanova quebra objetos durante sessão no Anger Room, em Dallas / Cooper Neill/The New York Times
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Da Redação

Publicado em 6 de dezembro de 2016 às 11h46.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h05.

Claire Martin © 2016 New York Times News Service

Quando era adolescente na Zona Sul de Chicago no fim dos anos 1990, Donna Alexander imaginava como seria criar um espaço onde pessoas estressadas pudessem aliviar a tensão de forma segura e não violenta – quebrando manequins, aparelhos de TV, móveis e outros objetos. Ela acreditava na ideia, mas não sabia como transformá-la em uma empresa.

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Por fim, no segundo semestre de 2008, quando vivia em Dallas, Donna deu início a um experimento. Convidou colegas de trabalho para a garagem da sua casa com o objetivo de destruir objetos que ela havia recolhido nas lixeiras do bairro. “Eu colocava uma música pra tocar no laptop e deixava eles se divertirem”, afirmou. Cobrou US$ 5 dos colegas. Em pouco tempo, muita gente em Dallas já sabia das sessões antiestresse.

“Pessoas que eu nem conhecia tocavam a minha campainha para perguntar se era lá que eles podiam quebrar coisas. Quando isso aconteceu, eu soube que tinha um negócio”, contou Donna.

Nos anos seguintes, enquanto procurava um lugar ideal para abrir a empresa, ela criou uma lista de espera de até quatro meses com gente interessada em suas sessões. Em dezembro de 2011, pediu demissão do trabalho como gerente de marketing de uma churrascaria, para inaugurar a Anger Room em um espaço de quase 100 metros quadrados no centro de Dallas.

A Anger Room cobra US$ 25 por cinco minutos de destruição de impressoras, relógios, copos de vidro, vasos e outras coisas do tipo. Os preços chegam a US$ 500 por cenários feitos sob medida. O cenário mais caro até o momento foi uma loja falsa, com prateleiras repletas de roupas.

Muitas outras salas do tipo surgiram ao redor do planeta, incluindo Houston, Toronto, Niagara Falls e na Austrália.

A eleição norte-americana ajudou a aumentar a clientela de algumas dessas salas. Eleitores estressados chegaram até a viajar de Nova York para Toronto antes e depois das eleições, afirmou Steve Shew, um dos fundadores da Rage Room. Os clientes escreviam o nome do candidato com o qual estavam frustrados em pratos e depois o quebravam.

Na Anger Room de Dallas, manequins de Donald Trump e Hillary Clinton foram espancados antes da eleição. Os clientes destruíram dois manequins de Hillary, que precisaram ser substituídos. Mas Trump atraiu uma ira ainda maior. “Três manequins vestidos como Trump foram completamente destruídos”, afirmou Donna.

As sessões nesse tipo de lugar têm objetivo terapêutico. Contudo, profissionais de saúde mental questionam a eficácia de momentos de raiva dentro de estações de trabalho falsas ou a quebra de copos pendurados no ar.

“Embora seja atraente pensar que expressar raiva possa reduzir o estresse, não há muitas evidências que comprovem isso. Na verdade, as respostas fisiológicas e do sistema imunológico que ocorrem durante momentos de raiva podem ser prejudiciais à saúde”, afirmou George M. Slavich, psicólogo clínico e diretor do Laboratório de Avaliação e Pesquisa do Estresse na Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

Slavich recomenda técnicas de redução de estresse que possam ser incorporadas ao dia a dia, como a baseada em meditação de mente plena, outros tipos de meditação e terapia cognitivo-comportamental.

Porém, os clientes da Anger Room pagam para vivenciar uma cena do filme “Como Enlouquecer Seu Chefe”, no qual os personagens principais, um trio de programadores descontentes, destroem uma impressora com um taco de beisebol. A empresa também permite que os clientes adaptem o espaço, recriando seu próprio local de trabalho.

“Você pode montar uma mesa com um computador, um telefone, uma cadeira, um manequim vestido de terno, uniforme, ou qualquer coisa que tenha relação com algum problema da vida real”, afirmou Alexander.

Os clientes recebem equipamentos de proteção, incluindo capacete, óculos, botas e luvas. Eles também podem escolher a trilha sonora – incluindo música clássica, R&B, grunge e heavy metal – além de diversos objetos que servem para bater.

“As nossas opções incluem tacos de beisebol e de golfe, além de pedaços de madeira. Também usamos canos de metal, braços e pernas de manequins, frigideiras de ferro, pernas de mesa, marretas, pés-de-cabra e coisas desse tipo”, afirmou Donna. Objetos cortantes e armas de fogo são proibidos.

A Anger Room aceita doações de objetos de pessoas e empresas na região de Dallas-Fort Worth. Os quatro funcionários da empresa também saem às ruas no dia da coleta de objetos grandes, buscando coisas que sirvam para quebrar. Os funcionários montam as salas, enchem de objetos quebráveis e fazem a limpeza em seguida.

Entre os clientes, há executivos de grandes empresas, incluindo Hilton e Microsoft, afirmou Donna. No primeiro ano, o faturamento da Anger Room foi de US$ 170 mil. Desde então, ela recebeu cerca de 2.500 mensagens de outras pessoas que desejam criar negócios similares e, atualmente, está preparando a papelada para se tornar franqueadora.

Na Rage Room, em Toronto, 45 minutos de destruição custam US$ 19,99, incluindo o download de vídeos da sessão. Os clientes trazem a música que quiserem ouvir.

A oferta mais popular da Rage Room é o “pacote da noite a dois”, afirmou Shew. Uma das atividades prediletas dos casais é um deles jogar copos para o alto para que o outro possa quebrá-los.

“As pessoas adoram fazer isso. Acho que é porque envolve trabalho em equipe”, afirmou Shew.

A Rage Room nasceu de uma empresa chamada Battle Sports, um espaço onde equipes podem jogar queimada com arco e flecha. Depois da expansão, “o volume de visitas ao site da empresa aumentou muito”, contou Shew. O número de visitantes passou de 400 para 1.200 por dia. Além disso, o faturamento também aumentou e a empresa sempre recebe perguntas de pessoas que gostariam de abrir uma franquia da Rage Room. Até o momento, eles liberaram franquias para algumas empresas pelo valor de US$ 1 mil.

Os custos de criação de uma empresa desse tipo são baixos, afirmou Shew. “Tudo que fazemos é montar uma sala, reforçar as paredes, entregar um bastão, ou um pé-de-cabra, encontrar algumas coisas que possam ser quebradas e o cliente vem até você”, afirmou. Além disso, é preciso adquirir equipamentos de proteção, contratar uma seguradora e encontrar o lugar certo para abrir a empresa.

Shew admite que encontrar o espaço correto para montar uma sala desse tipo pode ser desafiador. Áreas comerciais não são ideais para isso, afirmou. “Na nossa experiência, as empresas têm mais facilidade quando se instalam em áreas como galpões industriais.”

Outro obstáculo inicial para a Anger Room e a Rage Room foi conseguir um seguro. Como se trata de um novo conceito, Donna afirma que a seguradora “teve que literalmente criar uma categoria nova para minha empresa”.

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