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Carteiro Amigo é a primeira franquia de uma UPP carioca

Ideia será replicada em outras comunidades da cidade


	Favela da Rocinha: cerca de sete mil residências são cadastradas a um custo mensal de R$ 13
 (©AFP / Antonio Scorza)

Favela da Rocinha: cerca de sete mil residências são cadastradas a um custo mensal de R$ 13 (©AFP / Antonio Scorza)

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Da Redação

Publicado em 7 de novembro de 2012 às 15h40.

Rio de Janeiro - Privilégio e orgulho. Esse são os sentimentos dos sócios do Carteiro Amigo, o primeiro empreendimento nascido em uma comunidade carioca que vai abrir uma franquia. “Ainda nem sabemos direito onde podemos chegar, porque quanto mais a gente trabalha, mais portas se abrem”, festeja Sila Vieira, que comanda o negócio com Carlos Pedro e Elaine Ramos, na Rocinha, bairro da zona sul do Rio de Janeiro.

A ideia surgiu porque os sócios queriam repassar a experiência deles para outras comunidades que já contavam com Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Em busca de orientação, foram ao Sebrae no Rio de Janeiro. A análise técnica mostrou o potencial de negócio do Carteiro Amigo e a formatação da franquia está na reta final.

O negócio começou a tomar forma há 12 anos, quando os empresários trabalhavam como recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Durante o processo, perceberam que se eles tinham dificuldade para se orientar pelos becos e ruelas do morro, a tarefa era ainda mais complicada para alguém estranho à comunidade. A confusão era tanta que as correspondências eram colocadas em pontos improvisados e poucos usuais, como bares e açougues. No começo, os próprios sócios faziam a entrega e cada visita rendia um ponto de localização. “Inventamos um modelo próprio. Escolhemos o K, só porque é uma letra diferente, seguida de um número que indicava a casa - uma espécie de subcep”, define Sila Vieira.

Com o objetivo de melhorar o serviço, criaram uma central e quatro pontos de distribuição para ampliar a área de cobertura. Para conseguir clientes, contrataram cerca de 40 pessoas, que recebiam R$ 3 por cada cadastro - o mesmo valor mensal cobrado por residência. Em pouco tempo, já tinham três mil registros, com informações que não se limitavam ao endereço. Dois anos depois, com o crescente número de interessados, os empresários se sentiram mais seguros para investir na formalização de uma microempresa e procuraram o Sebrae no Rio de Janeiro. Começaram também um processo de capacitação que, segundo Sila, dura até hoje e continua abrindo possibilidades.


Atualmente, cerca de sete mil residências são cadastradas a um custo mensal de R$ 13. A inadimplência é grande, mas os sócios estão sempre negociando com o cliente. Para driblar essa dificuldade, passaram a investir na distribuição de folhetos de propaganda. Assim, conseguem se manter e pagar oito funcionários, “todos com carteira registrada e da comunidade”, reforça Silas.

A descoberta do cliente corporativo está abrindo uma outra perspectiva de atuação: propaganda direcionada para o público potencial. Isso porque, ao todo, a empresa tem 18 mil cadastros detalhados dos moradores de uma comunidade com pouco mais de 25 mil domicílios, segundo dados do IBGE de 2010.

Futuro

Esse ativo da empresa foi testado há pouco menos de um mês, quando os profissionais que trabalham com moto-táxi receberam por SMS a oferta de um serviço oferecido por um escritório de advocacia. A resposta foi muito além do esperado, segundo avaliação do próprio cliente.

“Já fomos procurados por outras empresas, mas ainda estamos montando um modelo para identificar o perfil de quem está no cadastro e definir como e para quem divulgar determinado produto ou serviço. Também estamos na expectativa de lançar a franquia ainda esse ano. Uma coisa foi puxando a outra, mas a capacitação ajuda muito porque confirma o que fazemos por intuição e aprendemos a reconhecer opções que não víamos”, reconhece Silas.

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