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Aos 34 anos, artista fracassada se torna CEO da própria startup

Akiko Naka já trabalhou no Goldman Sachs e saiu para ser desenhista de mangá. Agora, é dona de sua startup, com capital aberto na bolsa de Tóquio.

Akiko Naka, de artista a CEO de sua própria empresa, uma rede social de recrutamento chamada Wantedly (Akio Kon/Bloomberg)

Akiko Naka, de artista a CEO de sua própria empresa, uma rede social de recrutamento chamada Wantedly (Akio Kon/Bloomberg)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 31 de outubro de 2018 às 06h00.

Última atualização em 31 de outubro de 2018 às 06h00.

Aos 34 anos, Akiko Naka já teve mais experiências em sua carreira profissional do que a maioria das pessoas têm na vida inteira.

Ela começou sendo contratada pelo Goldman Sachs, onde trabalhou com ações. Quando saiu desse emprego, ela tentou fazer sucesso como desenhista profissional de mangá. Quando isso não deu certo, ela conseguiu um emprego no Facebook.

E, não contente em parar por aí, ela pediu demissão para fundar sua própria empresa, uma rede social de recrutamento chamada Wantedly. Ela abriu o capital dessa companhia na Bolsa de Valores de Tóquio no ano passado e é uma das mulheres mais jovens a comandar uma empresa japonesa de capital aberto.

Naka é um exemplo da juventude japonesa que está evitando o caminho profissional que antigamente era normal no Japão: formar-se em uma universidade de primeira e fazer carreira em uma empresa importante. Em vez disso, ela está seguindo seu próprio rumo sozinha, tentando aproveitar o poder das redes sociais - e suas próprias experiências passadas - para reinventar o modo como o recrutamento funciona.

"Todos os meus fracassos foram uma oportunidade para aprender", disse Naka em uma entrevista em Tóquio.

A Wantedly, que é vista como uma espécie de LinkedIn para a geração Y no Japão, é um portal on-line que vincula os candidatos a empregos diretamente às empresas. A plataforma, que também oferece outros serviços, se baseia em encontrar correspondências entre usuários e empresas que têm as mesmas motivações e não permite que os anúncios de emprego mencionem salário nem benefícios. O foco está no que as empresas fazem, em como fazem e, talvez ainda mais importante, no porquê.

Outra era

"O LinkedIn é de quase duas décadas atrás", disse Naka. A empresa com sede nos EUA foi criada em 2002. "Nasceu na era dos currículos de papel, em que se combinava salários e habilidades", disse ela. "O que pretendemos fazer é combinar o rumo de uma empresa, o que motiva o que eles estão fazendo, com o rumo do usuário, para que eles trabalhem juntos e todos se beneficiem."

De acordo com Naka, esse foco na motivação e o serviço da empresa que dá aos possíveis funcionários a oportunidade de visitar empresas em condições mais informais acabarão resultando em melhores correspondências do que o modelo tradicional de rodadas de entrevistas formais de emprego.

"Se tanto as empresas quanto os candidatos ao emprego usarem uma máscara quando estiverem tentando encontrar uma correspondência, no final, os dois acabarão infelizes", disse Naka.

Força de trabalho em queda

Encontrar pessoas talentosas está se tornando difícil no Japão, onde a diminuição da força de trabalho está provocando o mercado de trabalho mais apertado em décadas, o que dá às empresas de busca de emprego uma oportunidade para expandir seus negócios. O mercado de serviços de informação de recrutamento cresceu para cerca de US$ 7,1 bilhões no ano fiscal de 2016, um aumento de 7,5 por cento em relação ao ano anterior, de acordo com a Associação de Informações sobre Emprego do Japão.

A Wantedly tinha 2,4 milhões de usuários ativos mensais e 29.000 empresas cadastradas utilizavam o serviço até outubro, segundo a startup. A Wantedly pretende aumentar o número de usuários ativos mensais para cerca de 10 milhões no Japão dentro de aproximadamente 10 anos, disse Naka.

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