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5 lições que este empreendedor aprendeu em Stanford

Em curso para executivos nos Estados Unidos, o cofundador e CEO da MaxMilhas aprendeu lições importantes sobre o universo empreendedor.

Max Oliveira, da MaxMilhas: "percebi o quanto fui empreendedor em todas as minhas experiências profissionais" (Endeavor/Reprodução)

Max Oliveira, da MaxMilhas: "percebi o quanto fui empreendedor em todas as minhas experiências profissionais" (Endeavor/Reprodução)

Mariana Fonseca

Mariana Fonseca

Publicado em 23 de novembro de 2017 às 06h00.

Última atualização em 23 de novembro de 2017 às 06h00.

A MaxMilhas, plataforma que vende passagens com desconto de até 80%, é líder no segmento e vem construindo uma história de sucesso.

Escolhida em 2017 para integrar o programa da Endeavor, que seleciona as startups mais inovadoras e promissoras do mercado, a empresa movimentou, só em 2016, R$ 100 milhões em valores transacionados.

Além disso, durante o EPGC – Executive Program for Growing Companies (Programa executivo para empresas de crescimento), curso para executivos em Stanford, o cofundador e CEO da MaxMilhas, Max Oliveira, teve a oportunidade de compartilhar ensinamentos sobre a trajetória da empresa, além de aprender lições importantes sobre o universo empreendedor.

“Foi incrível estar entre empreendedores do mundo todo, ouvindo a experiência deles e, claro, com os professores que mais entendem do assunto. Costumo falar que empreender tem muito mais a ver com a atitude do que com o currículo. A MaxMilhas é o meu primeiro negócio e, nem por isso, é a minha primeira experiência empreendedora. Quando larguei meu emprego na Vale para me dedicar 100% à MaxMilhas, percebi o quanto fui empreendedor em todas as minhas experiências profissionais. No curso em Stanford, tive uma experiência parecida. Descobri o quanto colocava algumas dessas lições em prática sem nem me dar conta”, explica o cofundador e CEO da MaxMilhas.

Agora, o empreendedor compartilha as principais dicas e lições para quem está começando nesse universo. Confira:

1 — Pessoas inteligentes estão sempre certas. Pessoas excepcionais sabem quando estão erradas

Empresas gigantes, mesmo com pessoas muito inteligentes no comando, desapareceram. Isso porque essas mesmas pessoas não conseguiram identificar que estavam erradas em suas decisões.

Como exemplo, temos a Blockbuster. Quando DVDs ainda eram as principais companhias de muita gente no fim de semana, a Blockbuster teve oportunidade de comprar a Netflix, ainda embrionária, por poucos milhões de dólares. A empresa, acreditando na imponência de seu império nesse mercado, não aproveitou a oportunidade e acabou sendo engolida pela concorrente em poucos anos.

Nesse universo existem dois possíveis cenários que as empresas estão inseridas. Um ambiente estruturado, no qual você conhece os competidores e quais ações eles poderiam tomar – onde a teoria dos jogos e outras técnicas de estratégia se aplicam – e o outro, um ambiente não estruturado.

Como o próprio nome já diz, o ambiente não estruturado enfrenta tantas mudanças que o empreendedor não sabe ao certo quais ações seus concorrentes podem tomar, quem serão os próximos concorrentes, qual será a próxima inovação do mercado e se haverá mercado.

2 — “Não são as espécies mais fortes que sobrevivem, nem as mais inteligentes. São as mais adaptáveis às mudanças”

Essa frase foi dita por Darwin ao analisar a evolução das espécies. Ele concluiu que são as espécies que conseguem responder mais agilmente às mudanças que conseguem sobreviver mais na Terra.

Será que isso se aplica às empresas? Empresas que vivem há mais de 100 anos comprovam isso: General Electric, 125 anos, atuando em diversos setores; Ball Corporation, com 134 anos, já passou por madeira, vidro, aerospace e metal, se reinventando toda vez que seu negócio começou a estagnar; WWP – Wire & Plastic Products, desde 1985, que mudou de plástico para publicidade e, atualmente, é um dos maiores grupos de publicidade do mundo, com mais de R$ 10 bilhões de faturamento anual.

O que essas empresas têm em comum? Conseguiram responder rápido às mudanças de mercado, mudando o seu modelo de negócio diversas vezes ao longo do tempo. Não podemos ignorar o dinamismo do sistema em que nos encontramos e temos que ter a capacidade de nos adaptar, não apenas respondendo rapidamente, mas também nos antecipando a cada mudança.

3 — Descoberta supera planejamento

Quando se analisa um caso de sucesso de alguma empresa, estudiosos conseguem justificar cada passo como se todos eles tivessem sido detalhadamente planejados.

Será? Um dos primeiros casos famosos de Harvard, uma das maiores faculdades do mundo, é a expansão da Honda para os EUA. Nesse estudo de caso, eles dão vários motivos estratégicos para a Honda ter começado sua operação nos EUA por Los Angeles e como isso foi fundamental para o seu sucesso.

Depois, ao conversarem com o responsável pela expansão na época, ele disse que começaram por LA simplesmente porque lá o barco chegava do Japão. Uma vez estando lá, conseguiram descobrir oportunidades e aproveitá-las.

Já a Apple criou o iTunes para tentar ganhar mais market share em seus desktops (Mac), que tinham apenas 3% do mercado na época. Em contrapartida, o iTunes acabou virando um produto em si, iPod, que vendeu muito mais que o Mac.

Você poderia analisar a história e falar que foi tudo planejado, mas o iTunes falhou em sua missão inicial e o sucesso veio quando eles conseguiram aproveitar as descobertas que tiveram. Quando lançaram o iTunes, enxergaram oportunidades não planejadas antes.

4 — Entenda as suas vantagens competitivas

Conhece o DeRemate? E o Mercado Livre? Certamente conhece, certo? Essas duas empresas trazem um caso interessante.

O Mercado Livre focou desde o começo em suas vantagens competitivas, como, por exemplo, o sistema de pagamento próprio que desenvolveu – o MercadoPago.

Em paralelo, o DeRemate procurava apenas o crescimento da base de usuários em aquisições, sem focar em uma vantagem competitiva específica. O fim dessa história? Mercado Livre adquiriu o DeRemate em 2008, após alguns anos de resultados superiores, e se consolidou como maior marketplace de compra e venda de produtos da América Latina.

Exemplos como esse têm aos montes. Conhece o Syncplicity? Também não conhecia. E Dropbox? Você conhece, certo? Os dois começaram praticamente juntos e ambos tiveram acesso a investimentos. A Syncplicity claramente tinha o melhor produto, com mais espaço para utilização dos clientes etc., mas foi o Dropbox quem conseguiu conquistar o mercado. Nessa corrida, o Dropbox ganhou.

5 — “Cultura devora estratégia de café da manhã, almoço e jantar”

Peter Drucker, o guru de estratégia, disse essa frase acima. Quer dizer que estratégia, por melhor que ela seja, sem uma cultura adequada, não adianta de nada.

Lembre-se: a estratégia pode ser copiada por outra empresa. A cultura não. Então, se você tem a cultura de tratar bem o cliente de verdade, e isso for genuíno, outros podem tentar copiar, mas não vão conseguir.

Uma vez que cultura é um conjunto de comportamentos esperados, podemos medi-los e treinar as pessoas para eles. Esse é um grande desafio nas empresas. Isso é extremamente importante, pois a adaptação cultural de todos em uma organização gera o alinhamento necessário para a construção da confiança e execução da estratégia, o que possibilita a alta performance.

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