PIX e open banking

Pesquisa: brasileiros desconhecem open banking e só 15% entendem o Pix

Pesquisa realizada pelo PayPal mostra que brasileiros ainda não dominam assuntos que podem mudar a relação com o dinheiro no futuro próximo

 (IAM-photography/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 10 de novembro de 2020 às 12h57.

Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 17h34.

O setor financeiro vive momento de agitação. Digitalização, Pix, open banking e criptomoedas, entre outras inovações, podem promover mudanças significativas no mercado no futuro próximo. Mas uma pesquisa realizada pelo PayPal e divulgada na última segunda-feira (9) mostra que os brasileiros ainda desconhecem grande parte dessas novidades — e das possibilidades que elas devem abrir para empresas e consumidores.

Realizada em parceria com o Opinion Box, a pesquisa "Tendências no Segmento de Pagamentos Digitais: Pix e Open Banking" entrevistou 3.024 pessoas — homens e mulheres acima de 18 anos, de todas as classes e regiões do Brasil, aplicadas através de um questionário com 66 perguntas. E os dados obtidos mostram informações relevantes sobre o comportamento dos brasileiros em relação ao futuro do dinheiro no país.

Mesmo sem conhecerem a fundo a nova plataforma de pagamentos do Banco Central do Brasil ou o conceito de open banking, a maioria dos entrevistados concorda que as duas iniciativas têm potencial para mudar a forma como os brasileiros gerenciam o seu dinheiro.

Enquanto o Pix é percebido como uma maneira mais barata, rápida e disponível para pagamentos, o open banking tem espaço para crescer e ganhar a confiança dos clientes, ajudando-os a terem mais liberdade de escolha e menos burocracia do que existe hoje no mercado financeiro.

Open banking e privacidade

Apesar do open banking ser apontado por especialistas como algo positivo para os consumidores, ainda há enorme desconhecimento sobre o assunto: cerca de metade dos brasileiros nunca ouviu falar em open banking e apenas 22% disseram "conhecer pouco" ou "conhecer bem" o assunto.

Informados pelos pesquisadores sobre os pontos principais do open banking, 45% dos entrevistados entenderam como ele funciona; 35% se disseram seguros quanto a usar essa funcionalidade; e apenas 34% autorizariam o compartilhamento de seus dados com outras instituições financeiras.

Entre aqueles que não têm interesse em compartilhar seus dados (24% do total), os principais motivos para isso são: “me preocupo com quem terá acesso aos meus dados”, com 50%; “não acho que meu histórico bancário deva ser compartilhado”, com 20%; “acredito que só eu devo ter acesso aos meus dados financeiros”, com outros 20%; e “tenho medo de que meu histórico bancário me prejudique em outros bancos”, citado por 10% dos entrevistados.

Pix, a escolha feita com o bolso

Em relação ao Pix, a pesquisa deixa claro que o interesse dos brasileiros pelo novo sistema se resume a basicamente dois fatores: tempo e dinheiro. 77% dos entrevistados disseram não gostar de ter de esperar dois dias úteis para a validação de um boleto, por exemplo; e 72% não gostam da espera até a aprovação de um pagamento.

A possível gratuidade de uma transferência, claro, é atrativa para os brasileiros: 76% disseram que fariam mais transferências se elas fossem gratuitas, enquanto 61% afirmaram não gostar de fazer DOC e TED por causa das altas taxas cobradas pelas instituições financeiras.

Apesar de mais conhecido entre as pessoas entrevistadas, o Pix também está longe de ser assunto dominado pelos brasileiros: 8% nunca ouviram falar no sistema; 28% já ouviram falar, mas não sabem o que é; 49% disseram conhecer um pouco; e apenas 15% dizem que conhecem bem o tema.

"É muito interessante ver que, apesar de ainda não saberem, tanto o Pix quanto o open banking tem um grande potencial de resolver problemas reais do dia a dia dos consumidores. O desafio, agora, é tornar os dois temas em conhecimento qualificado e não superficial para começar a ver seu impacto nos hábitos dos brasileiros em transações financeiras", disse Felipe Schepers, COO do Opinion Box.

“Tanto o Pix quanto o open banking são plataformas que podem trazer uma grande gama de novos produtos e serviços para os brasileiros – baseados em menores custos, mais disponibilidade e menos burocracia no dia a dia. A pesquisa do Opinion Box demonstra, porém, que há uma longa jornada pela frente no que diz respeito à conquista desse cliente/correntista, que ainda não tem todas as informações à disposição para se decidir pelo uso ou não dessas novas funcionalidades", afirmou Carlos Nomura, head de Pagamentos do PayPal na América Latina.

O Pix, em fase de testes desde 3 de novembro, entrará em pleno funcionamento a partir do próximo dia 16. Já o open banking será implementado a partir de 30 de novembro, em fase inicial que deve durar até outubro de 2021.

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