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Tratamento de choque

Frank Dunn colocou a Nortel nos trilhos. Mas a crise no setor de telecom ainda não acabou

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Frank Dunn, CEO da fabricante de infra-estrutura de telecomunicações Nortel Networks, foi impiedoso no corte de funcionários: quase dois terços (60 000) foram demitidos. Os resultados começam a aparecer. A Nortel voltou à lucratividade no primeiro semestre deste ano. Não é pouca coisa. Em 2001, a empresa teve prejuízo de 27,3 bilhões de dólares. Em 2002, perdeu outros 3,6 bilhões. Em entrevista a EXAME, Dunn disse que os resultados são animadores -- mas a crise do setor de telecom ainda não terminou.

Como o senhor trouxe a Nortel de volta ao lucro?

Após a crise que veio em 2001 e 2002, nos perguntamos: quais são nossos pontos fortes? Chegamos à conclusão de que, se tentássemos fazer de tudo para todos os clientes, seríamos apenas razoáveis. Então nos concentramos nas redes de nova geração, que vão permitir que as operadoras ofereçam novos tipos de serviço. Também tivemos de deixar a companhia num tamanho compatível. Muita gente dizia que a crise duraria seis meses ou um ano. Mas achamos melhor não acreditar nas previsões. Foi uma decisão sábia. A crise ainda não terminou. Os ganhos dos cortes de custos têm limite.

Quais são as perspectivas de crescimento do negócio?

Mudamos bastante nosso modelo de negócio. Somos mais flexíveis. Hoje trabalhamos com fabricantes terceirizados. Se precisarmos aumentar a produção, não teremos de erguer fábricas e contratar pessoas. Além disso, temos redes de nova geração em operação em 42 clientes em todo o mundo. Também mantemos a liderança em redes ópticas. Esses são os mercados que vão crescer no futuro. Nossos clientes jamais vão voltar a investir 18%, 20% de suas receitas em infra-estrutura, como faziam no passado recente. Agora, vamos estar mais próximos de 10%. Boa parte das receitas da Nortel vem das operadoras celulares.

O senhor acredita no sucesso das redes de terceira geração?

Até agora elas não cumpriram as promessas. A resposta é sim. As novas tecnologias oferecem melhor relação custo-benefício para os operadores. O que será decisivo é a capacidade das empresas de telefonia de desenhar novos modelos de negócios. No futuro, a voz será apenas mais uma aplicação do telefone celular. Já sabemos que a mobilidade tem grande valor para as pessoas. A pergunta agora é: quais serão os serviços oferecidos? No futuro, as operadoras de telecom terão de ser cada vez mais ótimas empresas de marketing.

O senhor sempre esteve do lado das finanças, e agora tem de tomar decisões tecnológicas importantes. Como foi a transição?

Há cinco, seis anos, comprava-se tecnologia. O mundo mudou. As operadoras investem de acordo com sua capacidade de vender mais serviços aos clientes. É uma conversa de negócios, portanto me sinto à vontade. É claro que a inovação é crítica neste setor. Hoje, um terço de nosso pessoal trabalha em pesquisa e desenvolvimento.

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