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Sadia descarta grandes aquisições e aposta em crescimento orgânico

Eventuais compras serão de empresas pequenas e que complementem linhas de produto existentes

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A consolidação do setor de alimentos acelerou nos últimos meses, com empresas adquirindo concorrentes ou entrando em áreas nas quais ainda não atuavam para diversificar seu portfólio. O mercado acredita que as transações continuarão em 2008, mas a Sadia deve passar ao largo dos grandes acordos. "Se houver, serão aquisições pontuais, que complementem nossa linha de produtos", afirma Walter Fontana Filho, presidente do conselho de administração da empresa.

A compra da Big Foods, anunciada no início de dezembro, é citada pelo empresário como exemplo do tipo de negócio que deve ser analisado pela Sadia. Instalada em Tatuí, no interior de São Paulo, e arrematada por 53,5 milhões de reais, a fábrica conta com uma linha de produtos congelados que envolve, entre outros, sanduíches prontos, lasanhas e pizzas.

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A estratégia contrasta com a de sua principal concorrente, a Perdigão, que viu seu tamanho saltar ao fechar a compra da Eleva, segunda maior empresa de leite do país, por 1,7 bilhão de reais no final de outubro. Ao incorporar a Eleva, a Perdigão passa a faturar 8,2 bilhões de reais e ultrapassa os 7,9 bilhões de reais da Sadia.

"Mais inteligente"

Segundo Fontana Filho, o melhor para a Sadia é apostar no crescimento orgânico e nos projetos greenfield (plantas em projeto ou construção). "Os ativos no Brasil estão muito caros, e o caminho mais inteligente é o crescimento orgânico, que apresenta mais resultados no longo prazo que as aquisições", diz.

Até setembro deste ano, a empresa investiu 622 milhões de reais. A expectativa é encerrar o ano com inversões de 1 bilhão de reais. Para 2008, os investimentos programados são de 1,6 bilhão de reais. Para se ter uma idéia de como a companhia intensificou seus projetos nos últimos anos, basta lembrar que, em 2002, o total investido foi de 119 milhões de reais.

Alguns projetos estão em curso. No primeiro semestre de 2008, deve entrar em operação um complexo agroindustrial no município de Lucas do Rio Verde (MT), orçado em 800 milhões de reais. A planta terá capacidade para abater 114 milhões de cabeças de frango e 1,25 milhão de cabeças de suínos por ano.

Também em 2008, a Sadia pretende investir 4 milhões de reais para dobrar a capacidade de produção de sua fábrica na Holanda, alcançando 20 mil toneladas por ano.

Outros projetos devem ser iniciados no próximo ano, mas com expectativa de iniciar a produção em 2009. Entre eles, está a instalação de uma fábrica de produtos industrializados em Vitória de Santo Antão, em Pernambuco. Com investimentos de 230 milhões de reais, a unidade será capaz de processar 150 mil toneladas de produtos por ano. A planta deve entrar em operação em março de 2009.

Bovinos

A Sadia também deve instalar um novo frigorífico para ampliar sua capacidade na área bovina. A planta foi dimensionada para abater 2.000 cabeças de gado por dia e demandaria investimentos de 100 milhões de reais. O local de sua implantação, porém, ainda não foi definido, porque a empresa aguarda o desfecho da recente vistoria de técnicos sanitários da União Européia a áreas produtoras do Brasil. Há a expectativa de que os europeus imponham novas restrições às exportações de carne do país. Somente após esse desfecho, a Sadia decidirá o local da nova unidade. Mato Grosso e Goiás são os estados em análise.

Neste ano, a empresa já investiu para dobrar a capacidade de seu frigorífico em Várzea Grande (MT), para abater 2.000 cabeças de gado por dia. Um terceiro frigorífico deve ser construído em 2009, para que a capacidade total de processamento da Sadia passe a 6.000 cabeças de gado diárias.

Internacionalização

A expansão também passará pela construção de sua segunda fábrica fora do Brasil - a primeira foi inaugurada recentemente em Kaliningrado, na Rússia. Localizada nos Emirados Árabes, a planta está orçada em 100 milhões de reais e fornecerá produtos industrializados de aves e bovinos. Uma terceira unidade deve ser construída em 2009, mas o local ainda não está definido.

"Nossa ambição é criarmos uma marca global e sermos líderes nas categorias de produto em que atuamos", afirma o presidente da Sadia, Gilberto Tomazoni. Para 2008, a expectativa é que o volume de vendas suba de 12% a 14%, e a margem de ebitda fique entre 12% e 13%.

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