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Positivo prevê menos competidores no mercado de PCs

Crise deve levar a "processo darwiniano de seleção", diz diretor da empresa

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A Positivo Informática está inserida em um dos mercados mais afetados pela crise. As vendas de computadores, que vinham crescendo vertiginosamente nos últimos anos, ficaram abaixo das expectativas durante o período de Natal principalmente devido ao encarecimento do crédito. Em um mercado bastante fragmentado e com poucas barreiras de entrada, as empresas também tiveram dificuldade em repassar a alta do dólar para os clientes. Com isso, a líder de mercado Positivo acabou se tornando o principal alvo de aquisição de grandes multinacionais do setor interessadas em crescer no Brasil. A empresa chegou a receber uma proposta firme da chinesa Lenovo, que acabou recusada.

Apesar do ambiente de negócios bastante negativo, a Positivo continua a apostar em um futuro promissor. A empresa acredita que a crise vai reduzir o número de competidores no mercado de computadores, que hoje está basicamente dividido entre seis empresas grandes e cerca de 30 médias. “As empresas médias sentiram muito a crise. Deve ocorrer um processo darwiniano de seleção”, afirma o diretor de marketing da Positivo, César Aymoré.

A corretora Brascan compartilha dessa visão. "Acreditamos que a companhia poderá continuar recuperando participação de mercado nos próximos trimestres à medida que mais competidores saiam da indústria de computadores", diz o analista Rodrigo Ferraz, da Brascan, em relatório.

A empresa começou a tirar proveito da crise com o ganho de mercado no quarto trimestre. A participação da empresa cresceu 1,4 ponto percentual no período e atingiu 15,6% do total de PCs vendidos no país. A empresa ganhou mercado principalmente no varejo, onde sua fatia subiu de 23,3% para 29,8%. A empresa também aumentou a participação nos mercados de governo (para 30,7%) e corporativo (2,5%). A receita líquida, no entanto, teve queda de 5%, para 527 milhões de reais, porque o mercado como um todo encolheu ainda mais. A Positivo disse que esperava que o mercado total de PCs no varejo brasileiro alcançasse 1,45 milhão no quarto trimestre, mas, na realidade, foram 1,033 milhão.

A Positivo admite que sentiu a crise. "O dólar teve impacto. Não estamos em Marte", afirmou Aymoré. "Mas fomos criativos e agressivos para ganhar mercado" Ele afirmou que a empresa foi mais rápida em se adaptar à alta do dólar e tornar mais básica a configuração dos computadores vendidos como forma de evitar reajustes de preços. "Entre outubro e novembro, lançamos 20 modelos. Ter a matriz no Brasil permite uma maior agilidade nas decisões", afirmou Aymoré.

Ele também disse que durante o momento mais grave da crise a empresa contratou 80 novos promotores de venda enquanto os concorrentes estavam demitindo. Mais recentemente, a empresa investiu em sorteios de carros e de uma casa para atrair clientes e baixou o preço de seu netbook Mobo. Aymoré não revelou números, mas disse que as promoções “já estão surtindo efeitos bastante importantes”.

A empresa não revela se as promoções também estão sacrificando sua margem de lucro. Aymoré disse que só poderá se manifestar sobre esse assunto quando divulgar o balanço financeiro do quarto trimestre, em março. Porém, a Brascan acredita que a rentabilidade da Positivo está em queda. Segundo a corretora, parte da alta dos custos dos componentes com a alta do dólar não deve ter sido repassada ao consumidor como forma de reduzir o impacto na demanda por computadores. Os investidores vão poder tirar a dúvida no próximo mês. Até lá, as ações da Positivo devem continuar a oscilar muito com os rumores - sempre negados - de que está prestes a ser vendida.

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