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Para especialista, Brasil tem chances de internacionalizar serviços

Aos 55 anos de idade, o francês Yves Doz é considerado um dos maiores especialistas do mundo em multinacionais. Professor de Inovação e Tecnologia Global do Insead, Doz é autor de oito livros dois deles escritos em parceria com os gurus C.K.Prahalad (The Multinational Mission: Balancing Local Demands and Global Vision) e Gary Hamel (Winning […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Aos 55 anos de idade, o francês Yves Doz é considerado um dos maiores especialistas do mundo em multinacionais. Professor de Inovação e Tecnologia Global do Insead, Doz é autor de oito livros dois deles escritos em parceria com os gurus C.K.Prahalad (The Multinational Mission: Balancing Local Demands and Global Vision) e Gary Hamel (Winning Alliances), ambos sem tradução em português. A convite do Ibmec, Doz esteve no Brasil em julho e concedeu uma entrevista à EXAME. A seguir, os principais trechos:

EXAME - O caminho para se tornar uma multinacional hoje é diferente do passado?

Ives Doz - Sim. A maioria das multinacionais existentes começaram como empresas locais e simplesmente reproduziram seus modelos em outros países. Mas quem está se internacionalizando agora enfrenta uma situação diferente. O conhecimento está muito mais disperso. Portanto, a receita para as empresas que tentam se tornar multinacionais hoje é buscar o conhecimento onde quer que ele esteja, em vez de replicar o modelo doméstico nos outros países.

EXAME - Como fazer isso?

Doz - Dando autonomia aos executivos das subsidiárias e aprendendo com eles a entender esses mercados. É o que fazem hoje empresas como a finlandesa Nokia ou a japonesa Shiseido, que não são multinacionais tradicionais.

EXAME - Existem pouquíssimas multinacionais brasileiras. Por quê?

Doz - Não sou especialista no mercado brasileiro, mas a maioria das empresas dos grandes mercados emergentes prefere se consolidar internamente em vez de apostar em atividades multinacionais. Essa estratégia pode ser insuficiente para garantir o sucesso no futuro. Outro problema comum nesses países é identificar no que eles são realmente bons. Trabalhei num projeto em Cingapura em que o governo tentava desenvolver o setor de tecnologia no país. O problema é que só nos Estados Unidos há pelo menos nove centros de desenvolvimento onde se faz a mesma coisa! Acabamos descobrindo que em Cingapura eles têm um conhecimento incrível de logística. Não é um negócio tão charmoso, mas é isso que eles sabem fazer.

EXAME - Que oportunidades o senhor vê no Brasil?

Doz - Com o alto custo do capital e outras desvantagens competitivas eu não tentaria estabelecer uma nova Phillips ou uma nova Unilever. Mas eu ouço, por exemplo, que há práticas bancárias inovadoras por aqui, e por alguma razão elas não vão para fora. É uma questão de estratégia ou tradição? Eu não sei ao certo, mas serviços são mais fáceis de ser internacionalizados que atividades industriais - parte porque não exigem muitas instalações físicas e parte porque há muitas oportunidades de serviços que precisam de uma organização global. Um exemplo é a dinamarquesa ISS, cujo negócio é fazer limpeza de escritórios e fábricas. Hoje eles empregam centenas de milhares de pessoas em diversos países. Eles estão no mundo todo simplesmente varrendo o chão (risos)...

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