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Opportunity controla agora todas as empresas de telecom em que é sócio

O dono do Banco Opportunity, o empresário Daniel Dantas, 46 anos, é um jogador audacioso, com capacidade para fazer negócios tão grande quanto a de acumular inimigos. No caso das telecomunicações, ele vem conseguindo o controle das empresas onde é sócio. Os fundos de pensão das estatais foram jogados para escanteio no controle das empresas […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

O dono do Banco Opportunity, o empresário Daniel Dantas, 46 anos, é um jogador audacioso, com capacidade para fazer negócios tão grande quanto a de acumular inimigos.

No caso das telecomunicações, ele vem conseguindo o controle das empresas onde é sócio. Os fundos de pensão das estatais foram jogados para escanteio no controle das empresas onde são sócios de Dantas graças a uma engenhosa matemática acionária que o banqueiro montou com os ex-dirigentes das fundações, que lhe deram o poder das decisões, hoje questionado pelos atuais administradores.

Já a Telecom Italia, o outro sócio de peso, que tinha 38% das ações da Brasil Telecom, brigou durante dois anos com o Opportunity para que a companhia antecipasse as metas da Anatel para, dessa forma, poder operar a telefonia celular. Dantas bateu pé e conseguiu brecar todas as iniciativas nesse sentido em razão de desavenças com os italianos em torno de outros negócios.

Foi uma jogada arriscada. As outras concorrentes - Telemar e Telefônica -fizeram pesados investimentos na antecipação das metas para poderem operar em todo o país, e não apenas na suas áreas de concessão. Desde de julho deste ano, essas operadoras já podem operar nacionalmente. Já no caso da Brasil Telecom, os analistas chegaram a fazer sombrias previsões dizendo que a empresa, por não ter antecipado as metas, teria um papel secundário nas telecomunicações nacionais.

As previsões não se concretizaram e os italianos acabaram levando a pior na briga. Eles se viram impedidos de colocar seu braço celular em operação, por meio da TIM, porque tinham posição de controle na Brasil Telecom. Sem a antecipação das metas, a Anatel não autorizava a operação a TIM nacionalmente -- até agora sua área de atuação estava restrita a alguns estados do Nordeste e do Sul do país.

Em agosto, no entanto, eles fecharam um acordo com Dantas abrindo mão do controle. A Anatel aprovou a redução da participação acionária dos italianos dia 11 de setembro e, a princípio, a TIM pode começar a operar.

Apesar das freqüentes brigas entre os sócios, a Brasil Telecom está demonstrando que vai conseguir operar nacionalmente sem ter feito metade do esforço de suas concorrentes. "O Daniel pode até levar vantagem", diz o executivo de uma operadora. "A questão é saber se é justo com quem investiu tanto seguindo as regras da Anatel".

Essa promete ser a próxima grande briga a ser travada por Dantas, fora dos limites societários. Ao saberem do acordo entre a Telecom Italia e o Opportunity - em que os italianos abriram mão de metade de sua participação na empresa para poderem operar a telefonia celular -, a BCP, a TCO e a Telefônica entraram com pedido na Anatel para ver o contrato que vem sendo mantido em sigilo. O temor dessas empresas é que a Brasil Telecom saia beneficiada no processo. Os concorrentes acham que quando a Telecom Italia voltar para o controle da Brasil Telecom, o que está previsto para o próximo ano, levará junto a operação da TIM. Com isso, a Brasil Telecom terá também um braço celular de penetração nacional embora não tenha antecipado as metas.

A Anatel, porém, já avisou que não vai permitir que as concorrentes tenham acesso ao acordo antes dele ser aprovado pela agência. "Se elas não gostarem da decisão da Anatel, poderão questioná-la na Justiça", diz um funcionário da agência. O comportamento da Anatel em relação ao Opportunity, aliás, vem irritando os sócios de Dantas: os fundos de pensão das estatais -- que têm participação na Brasil Telecom e em duas empresas de telefonia celular, a Telemig e a Telenorte (Amazonas) -- e a canadense TIW, que é sócia do Opportunity só nas celulares. O caso da Telemig e da Telenorte é outro exemplo de como a relação entre o Opportunity e seus sócios é desgastante. Os fundos e a TIW, que têm a maioria do capital vêm brigando há quase dois anos na Justiça pedindo a dissolução da holding batizada de Newtel, que dá a Dantas o poder de controle. A holding foi criada com a concordância dos ex-dirigentes das fundações, que deram ao banqueiro o poder de gerir as empresas, embora tenha apenas 0,36% de participação.

No começo deste ano, a Anatel entrou na Justiça ao lado do Opportunity. O procurador da agência, Antônio Bedran, fez um claro pedido ao desembargador que cuida do caso para que resolva a questão em favor da manutenção da Newtel. Na agência, a explicação é de que o órgão tem a obrigação de se manifestar quando o bloco de controle está em jogo. "Eles não podem querer mudar a composição acionária antes de 2003", diz um funcionário da agência. "Isso é proibido por lei."

Além disso, a Anatel considera legítimo entrar em favor de uma das partes quando a outra está claramente querendo quebrar o contrato. A posição do advogado dos fundos, Sérgio Mannheimer, no entanto, é de que agência está tomando partido em favor do banco. "A Anatel está se despindo de uma postura de imparcialidade que deve ter um órgão regulador", diz o advogado.

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