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OGX sabia um ano antes que reserva era 82% menor, diz jornal

Documentos obtidos pelo jornal "Folha de S. Paulo" mostram que produção seria bem menor, mas não foram imediatamente divulgados ao mercado

Plataforma de petróleo da OGX na Bacia de Campos: em junho de 2012, campo de Tubarão Azul produzia 5 mil barris/dia, ante estimativa de 20 mil (Divulgação/OGX)
DR

Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2014 às 08h00.

São Paulo – Um ano antes de a real situação da OGX vir à tona, estudos feitos a pedido da diretoria da petroleira de Eike Batista já indicavam que as principais áreas de exploração de petróleo da companhia na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, poderiam ter reservas equivalentes a apenas 17,5% do que fora divulgado ao mercado, revelam documentos da OGX obtidos pelo jornal “Folha de S. Paulo”.

De acordo com o jornal, as projeções eram frutos de avaliações de técnicos da própria OGX e foram confirmadas por uma prestadora de serviços externa. Além disso, diz a publicação, chegaram a provocar uma briga dentro da empresa e não foram tornadas públicas à época, pois a petroleira preferiu aguardar a produção de alguns poços.

Logo depois de a OGX ter divulgado ao mercado, no fim de junho de 2012, que os primeiros poços do campo de Tubarão Azul estavam produzindo 5 mil barris por dia, abaixo dos até 20 mil inicialmente previstos, o então novo presidente da OGX, Luiz Carneiro, pediu um levantamento para investigar a real situação da companhia, diz a “Folha”.

Segundo os documentos obtidos pelo jornal, os engenheiros de reservatório da OGX, responsáveis por determinar a extensão das reservas economicamente viáveis, apontaram, em julho de 2012, que a empresa só poderia retirar 315 milhões de barris das principais áreas de Campos – 660 milhões de barris numa projeção otimista. O levantamento mostrava ainda que a exploração do campo de Tubarão Azul só seria viável até 2013, ano em que a empresa praticamente abandonou a área.

Um segundo relatório, feito meses depois por um grupo que incluiu a empresa do setor Schlumberger, apontou na mesma direção, diz a Folha. O documento teria estimado que o volume de petróleo economicamente viável da área era de 43 milhões de barris, ainda menos que a avaliação inicial dos técnicos da OGX.

Os resultados desses levantamentos, diz a reportagem, contrastavam brutalmente com as estimativas anteriores: em maio de 2012, ao declarar a comercialidade de Tubarão Azul, a OGX estimou volume recuperável de 110 milhões de barris; para as áreas que originaram os campos de Tubarão Tigre e Tubarão Gato, a companhia havia anunciado, em maio de 2010, um volume recuperável entre 1,4 bilhão e 2,6 bilhão de barris.

A empresa só reviu esse número em março de 2013, quando declarou comercialidade dos dois campos juntamente com Tubarão Areia. O volume total de óleo estimado foi de 823 milhões de barris, sem especificação de quanto seria extraído. Essa foi uma das duas revisões que a companhia fez entre julho de 2012, quando os técnicos fizeram o primeiro alerta, e julho de 2013, quando desistiu dos campos.


Outro lado

Por meio de nota enviada à “Folha”, a assessoria de imprensa da OGX disse que “sempre manteve o mercado informado, por meio de fatos relevantes e resultados trimestrais, com informações atualizadas sobre os projetos de produção tão logo as análises foram concluídas, evitando a divulgação de informações incompletas”.

Disse ainda que, de julho de 2012 a julho de 2013, período citado na reportagem, realizou "uma série de estudos", como de viabilidade técnica e econômica de instalações de produção, análise de poços no campo de Tubarão Azul e reprocessamento de dados sísmicos.

Segundo a empresa, os estudos, feitos "em parceria com especialistas de outras empresas", foram realizados até que se chegasse aos resultados que atestaram a inviabilidade dos campos Tubarão Azul, Tubarão Gato, Tubarão Areia e Tubarão Tigre.

A multinacional Schlumberger informou, por meio da assessoria de imprensa, que possui contrato de confidencialidade com seus clientes e não se pronunciaria sobre o estudo mencionado.

A legislação obriga às empresas a divulgar ao mercado imediatamente, por meio de fato relevante, qualquer ocorrido que possa influenciar na decisão dos investidores. Hoje com 11 bilhões de reais em dívidas, a OGX pediu recuperação judicial na última quarta-feira.

São Paulo – Um ano antes de a real situação da OGX vir à tona, estudos feitos a pedido da diretoria da petroleira de Eike Batista já indicavam que as principais áreas de exploração de petróleo da companhia na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro, poderiam ter reservas equivalentes a apenas 17,5% do que fora divulgado ao mercado, revelam documentos da OGX obtidos pelo jornal “Folha de S. Paulo”.

De acordo com o jornal, as projeções eram frutos de avaliações de técnicos da própria OGX e foram confirmadas por uma prestadora de serviços externa. Além disso, diz a publicação, chegaram a provocar uma briga dentro da empresa e não foram tornadas públicas à época, pois a petroleira preferiu aguardar a produção de alguns poços.

Logo depois de a OGX ter divulgado ao mercado, no fim de junho de 2012, que os primeiros poços do campo de Tubarão Azul estavam produzindo 5 mil barris por dia, abaixo dos até 20 mil inicialmente previstos, o então novo presidente da OGX, Luiz Carneiro, pediu um levantamento para investigar a real situação da companhia, diz a “Folha”.

Segundo os documentos obtidos pelo jornal, os engenheiros de reservatório da OGX, responsáveis por determinar a extensão das reservas economicamente viáveis, apontaram, em julho de 2012, que a empresa só poderia retirar 315 milhões de barris das principais áreas de Campos – 660 milhões de barris numa projeção otimista. O levantamento mostrava ainda que a exploração do campo de Tubarão Azul só seria viável até 2013, ano em que a empresa praticamente abandonou a área.

Um segundo relatório, feito meses depois por um grupo que incluiu a empresa do setor Schlumberger, apontou na mesma direção, diz a Folha. O documento teria estimado que o volume de petróleo economicamente viável da área era de 43 milhões de barris, ainda menos que a avaliação inicial dos técnicos da OGX.

Os resultados desses levantamentos, diz a reportagem, contrastavam brutalmente com as estimativas anteriores: em maio de 2012, ao declarar a comercialidade de Tubarão Azul, a OGX estimou volume recuperável de 110 milhões de barris; para as áreas que originaram os campos de Tubarão Tigre e Tubarão Gato, a companhia havia anunciado, em maio de 2010, um volume recuperável entre 1,4 bilhão e 2,6 bilhão de barris.

A empresa só reviu esse número em março de 2013, quando declarou comercialidade dos dois campos juntamente com Tubarão Areia. O volume total de óleo estimado foi de 823 milhões de barris, sem especificação de quanto seria extraído. Essa foi uma das duas revisões que a companhia fez entre julho de 2012, quando os técnicos fizeram o primeiro alerta, e julho de 2013, quando desistiu dos campos.


Outro lado

Por meio de nota enviada à “Folha”, a assessoria de imprensa da OGX disse que “sempre manteve o mercado informado, por meio de fatos relevantes e resultados trimestrais, com informações atualizadas sobre os projetos de produção tão logo as análises foram concluídas, evitando a divulgação de informações incompletas”.

Disse ainda que, de julho de 2012 a julho de 2013, período citado na reportagem, realizou "uma série de estudos", como de viabilidade técnica e econômica de instalações de produção, análise de poços no campo de Tubarão Azul e reprocessamento de dados sísmicos.

Segundo a empresa, os estudos, feitos "em parceria com especialistas de outras empresas", foram realizados até que se chegasse aos resultados que atestaram a inviabilidade dos campos Tubarão Azul, Tubarão Gato, Tubarão Areia e Tubarão Tigre.

A multinacional Schlumberger informou, por meio da assessoria de imprensa, que possui contrato de confidencialidade com seus clientes e não se pronunciaria sobre o estudo mencionado.

A legislação obriga às empresas a divulgar ao mercado imediatamente, por meio de fato relevante, qualquer ocorrido que possa influenciar na decisão dos investidores. Hoje com 11 bilhões de reais em dívidas, a OGX pediu recuperação judicial na última quarta-feira.

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