OGX entra na semana do tudo ou nada: reveja sua trajetória
Executivos da petroleira de Eike terão última reunião com credores da companhia para tentar impedir recuperação judicial
Daniela Barbosa
Publicado em 8 de outubro de 2013 às 06h12.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h26.
São Paulo – Segundo rumores, até quarta-feira, a OGX saberá se vai precisar pedir ou não recuperação judicial . Isso porque, antes do pedido, executivos da petroleira de Eike Batista tentarão com os credores da companhia um último apoio para continuar operando. Há quem acredite que a estratégia deve fracassar, dando como certa a recuperação judicial da petroleira em poucos dias. A OGX começou a operar em meados de 2007. Menos de um ano depois, abriu capital e conseguiu levantar 6,7 bilhões de reais - a maior captação realizada até a época no Brasil. Veja, a seguir, os momentos mais marcantes da petroleira de Eike, que já viveu momentos de glória, mas agora parece estar prestes a enfrentar seus dias mais difíceis:
A OGX nasceu em julho de 2007 e com poucos meses de vida, por meio de uma oferta privada de ações, conseguiu levantar 1,3 bilhão de reais para os primeiros investimentos. No mesmo ano e com dinheiro em caixa, a petroleira de Eike arrematou 21 blocos exploratórios, por meio da 9ª rodada de licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Menos de um ano após a sua criação, a OGX abriu capital e conseguiu captar 6,7 bilhões de reais com o IPO. Na época, a captação foi considerada a maior já realizada no mercado brasileiro. Um mês após o IPO, uma equipe de profissionais começou a ser formada para dar início à campanha de exploração da companhia.
No final de 2008, a OGX comprou 50% no bloco exploratório BM-S-29, na Bacia de Santos. No mesmo ano, começou a realizar a interpretação de dados sísmicos 3D nos blocos exploratórios. A companhia começava de fato a sua fase pré-operacional.
Em maio de 2009, a OGX comprou mais 15% no bloco exploratório BM-S-29, na Bacia de Santos, o qual já detinha 50%. Em setembro do mesmo ano, a OGX adquiriu 70% de participação em sete blocos exploratórios na Bacia do Parnaíba.
Ainda em 2009, a OGX anunciou as primeiras descobertas de hidrocarbonetos nas bacias de Campos e Santos. Pouco antes disso, a petroleira de Eike deu início à campanha exploratória em blocos os quais tinha participação. A OGX encerrou o ano com portfólio de recursos estimado em 6,7 bilhões de barris para a companhia.
No ano em que foi incluída no índice Ibovespa, a OGX registrou seu primeiro prejuízo anual. Em 2010, a companhia acumulou perdas 123,5 milhões de reais. Na época, o prejuízo foi justificado pela redução das despesas financeiras.
Em 2010 também, a OGX adquiriu seus primeiros blocos exploratórios no exterior, em três bacias terrestres da Colômbia. No mesmo ano, a petroleira anunciou a primeira descoberta de gás natural na Bacia do Parnaíba e se tornou única dona no bloco BM-S-29, na Bacia de Santos.
Em 2011, Eike foi considerado pela Forbes o homem mais rico do Brasil e o 8º do mundo, com fortuna estimada em 30 bilhões de dólares. A OGX, no mesmo ano, também viveu momentos de glória. Foi em 2011 que a petroleira concluiu a perfuração do primeiro produtor da acumulação de Waimea, na Bacia de Campos. No mesmo ano também, a companhia atualizou seu portfólio para 10,8 bilhões de barris de óleo equivalente de recursos e recebeu a primeira unidade de produção da OGX, a plataforma FPSO OSX-1.
Em outubro de 2011, a OGX fechou com a Shell o primeiro contrato de comercialização de petróleo, para as duas primeiras cargas referentes à produção de petróleo da acumulação de Waimea, no bloco BM-C-41. Na época, foi negociado um volume total de 1,2 milhão de barris, que seria embarcado em dois lotes de 600.00 mil barris cada.
Se o ano de 2011 foi considerado um dos melhores para as operações da OGX, 2012 não conseguiu repetir o sucesso e foi a partir dele que os primeiros problemas da petroleira começaram a aparecer. O ano até que começou bem, com o início da produção de petróleo em Waimea, na Bacia de Campos, a descoberta no pré-sal em águas rasas da Bacia de Santos e a entrega da primeira carga do petróleo de Waimea entregue à Shell.
Foi, no entanto, em meados de 2012, quando a OGX revisou sua projeção de produção para apenas 5.000 barris diários no Campo de Tubarão Azul, bem menor que a estimada anteriormente, que Eike começou a viver seu inferno astral. As ações da OGX começaram a despencar na bolsa e as demais empresas do grupo EBX começaram a ser contaminadas pela crise.
Em 2012, Eike perdeu o posto de homem mais rico do mundo. A OGX registrou o maior prejuízo da sua história, 1,2 bilhão de reais - 135% maior na comparação com o ano anterior e os maiores problemas só estavam começando. Se 2012 foi um ano ruim, 2013 começou pior ainda. Embora tenha feito promessas para o período, boa parte delas não foi cumprida até agora. A saída foi vender parte das operações.
Em maio deste ano, a OGX fechou a venda de 40% de dois blocos na bacia de Campos para a petroleira malaia Petronas . O negócio saiu por 850 milhões de dólares, o que representou a perspectiva de entrada de recursos para a petroleira. De fato o negócio não aliviou muito as operações da OGX. Hoje, segundo rumores de mercado, a OGX tem em caixa 200 milhões de dólares – pouco para a companhia continuar operando por muito tempo.
O mercado espera que a OGX entre com pedido de recuperação judicial em um mês. Na semana passada, a petroleira confirmou que não pagaria os 45 milhões de dólares que venciam na data, referentes aos juros que deveriam ser distribuídos aos credores de bônus. A notícia, que já era esperada pelo mercado, abriu espaço para que a OGX ficasse ainda mais próxima ao pedido de recuperação judicial. Como a esperança é sempre a última que morre, até mesmo para Eike, executivos da companhia terão o que se pode chamar de reunião derradeira com os credores do grupo na próxima quarta-feira. Só então, será possível saber se a OGX pode ainda sonhar com um final feliz para sua história.