O geólogo Zezé Moysés nasceu em Irapuru, no interior paulista. Depois de morar 15 anos no Rio de Janeiro, onde trabalhava como geofísico marinho, perdeu o emprego. Sem conseguir encontrar uma nova vaga, mudou-se para São Paulo no final de 1994 e alugou uma quitinete na rua Maria Antônia, na Consolação. Enquanto aguardava uma resposta para os vários currículos que havia distribuído, Moysés resolveu fazer um bolo de coco para vender. A vizinhança aprovou a receita e, dois dias depois, ele convenceu a dona de um restaurante a comprar alguns de seus bolos para servir de sobremesa.

Quase oito anos depois, Moysés ainda não recebeu nenhuma oferta de emprego. Nem precisa mais. Hoje ele é proprietário da Laffriolée, que mensalmente fabrica 30 toneladas de sobremesas para restaurantes. Tem um sócio, o médico potiguar Mário Rodrigues, que veio a São Paulo para fazer residência. Eles se conheceram em 1995. "Rodrigues chegava de manhã, depois de ter passado a noite no hospital, e me pedia um pedaço de pudim", diz Moysés. "Em troca, eu lhe pedia para fazer entregas, e ele conseguia vários clientes novos." Até se estabelecer na fábrica atual, na Vila Gustavo, em 1999, a Laffriolée se mudou várias vezes. Os sócios investiam no negócio quase tudo o que ganhavam. "Não tínhamos onde morar", diz Rodrigues. "Dormimos quatro anos em colchonetes no escritório."

Com 60 empregados, a Laffriolée já recebeu um prêmio por suas políticas de relacionamento com a comunidade e com os funcionários. No início deste ano, a empresa abriu sua primeira loja de venda direta, na praça de alimentação da Universidade Mackenzie. Os sócios estudam a abertura de outros pontos-de-venda em shoppings. O faturamento previsto para este ano é de 1,2 milhão de reais. A meta é crescer mais 10% em 2003. Entre seus 2 000 clientes regulares há churrascarias, restaurantes e hotéis. No total, a Laffriolée oferece mais de 60 produtos, todos criados pessoalmente por Moysés -- entre eles o bolo de coco que abriu as portas do mercado.