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O melhor jeito de fazer o bem

Como no dia-a-dia dos negócios o Grupo Belgo busca a inovação para garantir bons retornos á sua atuação social

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

O gaúcho Antônio Polanczyk, presidente da Belgo Mineira, tenta manter um tom de modéstia quando fala da atuação de sua empresa. Somos apenas uma organização de médio porte que utiliza parte de seus recursos para promover algumas ações , diz ele. Claro que há certo mérito nisso, mas a declaração de Polanczyk não pode ser levada ao pé da letra. A Belgo Mineira, parte do grupo Arbed, com sede em Luxemburgo, controla um dos maiores grupos siderúrgicos do país. No ano passado, o Belgo, formado por 13 empresas, faturou 2,9 bilhões de reais. Seu investimento em um leque de aproximadamente 25 ações sociais bateu em 8 milhões de dólares. Para chegar a esses valores, o grupo optou por formas inovadoras de captação e destinação de recursos.

A cozinha da Associação de Livre Apoio ao Excepcional, a Alae, na cidade mineira de Juiz de Fora, é o lugar onde 20 adolescentes e adultos excepcionais carentes aprendem a quebrar ovos e a misturar farinha, manteiga e leite para fazer biscoitos que serão vendidos na comunidade. Ela foi montada, em março deste ano com recursos do projeto Cidadãos do Amanhã. Criado em 1999 pela Belgo, usa incentivos fiscais previstos em lei para direcionar parte do imposto de renda de suas unidades para entidades ligadas a fundos da infância e da adolescência.

Direcionar parte do imposto de renda de uma empresa para ações sociais é uma idéia que já vem sendo adotada por algumas corporações. A direção da Belgo e da sua fundação, criada há três anos, entretanto, achou que ela poderia ficar ainda melhor. Por que não incentivar funcionários, seus familiares e fornecedores a destinar parte de seus impostos também para ações sociais? A Belgo então realizou campanhas internas para promover a adesão ao programa e esclarecer possíveis receios dos funcionários: como o de que, ao decidirem participar da iniciativa, teriam mais um desconto no contracheque. Era preciso convencê-los de que parte do imposto, que seria pago de qualquer maneira, estaria simplesmente sendo direcionada para uma boa causa , afirma Polanczyk.

As campanhas para divulgação do Cidadãos do Amanhã, que não param nunca, vêm alcançando bons resultados. O fato de a Belgo ter conseguido negociar com os fundos da infância e do adolescente para que seus funcionários opinassem na escolha das entidades a ser beneficiadas, e, dessa forma, pudessem criar laços com elas, também tem colaborado para aumentar a popularidade do projeto na empresa. No ano passado, 442 profissionais da Belgo, dos mais diferentes níveis hierárquicos, além de 16 fornecedores e familiares, permitiram que 6% do valor devido ao Tesouro fossem destinados a 25 instituições em 11 cidades onde a corporação atua. Somados aos valores do imposto de renda da empresa, os recursos arrecadados pelo Cidadãos do Amanhã em 2000 foram de cerca de 550 mil reais. Ninguém faz mais uso desses incentivos fiscais no estado de Minas Gerais do que nós , diz Polanczyk.

Com cerca de 8 milhões de reais investidos em ações sociais no ano passado, a Belgo não encontra dificuldades para exibir grandes números. Só em 2000, cerca de 27 mil alunos de escolas públicas de cidades que abrigam suas unidades participaram de programas de educação ambiental. Além disso, aproximadamente 80 mil pessoas que vivem ao redor de suas usinas assistiram gratuitamente a peças de teatro, balés, palestras e shows, graças a seus programas culturais.

O aspecto mais notável da Belgo, entretanto, não é a abrangência ou a diversidade de seus projetos - que inclui o controle de emissão de poluentes dos veículos de fornecedores, aulas de educação sexual e cursos de música erudita para crianças e adolescentes de periferias , mas a igualdade com que ela trata os diferentes públicos com os quais interage. Assim como a empresa não mede esforços nem recursos na hora de capacitar seus profissionais, diz Polanczyk, também não deve titubear na hora de ajudar a comunidade.

A filosofia explica por que, no início deste ano, a Fundação de Desenvolvimento Gerencial, a FDG, de Belo Horizonte, uma das maiores consultorias de qualidade do país, foi contratada pela Belgo. Dessa vez, não para ensinar boas práticas de gestão para seus 4 150 funcionários. Os clientes da FDG, agora, são 15 mil servidores da Fhemig, uma rede de 22 hospitais públicos mantida com recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e do governo do estado de Minas Gerais. Não investimos um absurdo para que nossos profissionais sejam expostos às melhores idéias do mercado? , pergunta Polanczyk. É essencial que façamos o mesmo para que nossos parceiros também tenham acesso a esse conhecimento.

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