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Novo ninho de espigões

O perímetro que se tornou um ímã para investimentos de escritórios classe A

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

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    Quando a nova avenida Faria Lima rasgou os bairros de Vila Olímpia e do Itaim-Bibi, seis anos atrás, seguindo para o sul, um moderno arranha-céu já lhe voltava a face. Era o sofisticado LArche, um espigão de 15 andares e 70 metros de altura, erguido pelo Crédit Commercial de France (CCF), que se instalou no novo trecho da avenida antes mesmo que este existisse. Ao iniciar, em 1994, as obras do prédio -- hoje avaliado em 120 milhões de reais --, o grupo francês assumiu um risco calculado. Embora previsto em decreto municipal, o prolongamento da avenida poderia não ocorrer. "Arriscamos porque a localização era -- e é -- perfeita", afirma Alexandre Lodygensky, ex-diretor do CCF, que se responsabilizou pelo projeto.

    O LArche, hoje denominado HSBC Tower pelo novo proprietário, o grupo HSBC, antecipou-se à invasão dos empreendimentos padrão A na região, que elevou os preços dos aluguéis de seus escritórios para o topo da pirâmide dos cobrados atualmente na capital paulista. Esses preços atraentes, hoje de 80 reais o metro quadrado, em média, aguçaram ainda mais o apetite dos incorporadores: em cerca de três anos, calcula a consultoria Cushman & Wakefield Semco, o trecho da Faria Lima delimitado pelas avenidas Cidade Jardim e Juscelino Kubitschek contará com estoque de escritórios padrão A de 240 000 metros quadrados. Essa metragem é nada menos que 60% do estoque dessa classe de escritórios que toda a cidade de São Paulo deverá contabilizar até o fim de 2004, de aproximadamente 390 000 metros quadrados. "Pelo menos dez edifícios estão sendo erguidos ali atualmente, e os novos investimentos, em três anos, devem chegar a 300 milhões de reais", diz Paul Weeks, diretor da Cushman.

    Muitas razões justificam a migração dos edifícios padrão A para a região. Primeira: o alto custo dos terrenos e da Operação Nova Faria Lima, projeto da prefeitura que, mediante contrapartida em dinheiro vivo, permitiu aumentar o potencial construtivo das áreas situadas dentro de seu perímetro para até quatro vezes a sua metragem. O preço dos terrenos subitamente disponibilizados em área mais do que nobre foi elevado às nuvens pela especulação imobiliária que se seguiu ao prolongamento da avenida. Também contribuiu a repentina demanda por prédios padrão A, sobretudo das muitas companhias estrangeiras que investiram no Brasil em 1999 e 2000.

    Entre os vários novos empreendimentos da região, o recém-concluído New Century, da incorporadora de mesmo nome, é um bom exemplo do estilo e do volume de investimentos embutidos num padrão A, que aliás explicam seus aluguéis salgados. Para erguer a torre de 90 metros de altura e 19 pavimentos, a New Century investiu cerca de 50 milhões de reais, sem contar o preço do terreno, de 4 650 metros quadrados, que adquiriu no auge da especulação imobiliária, em 1999, por meio de permuta, cujo valor não revela. Ao preço de hoje, porém, sabe-se que custaria em torno de 30 milhões de reais, pois, segundo a Cushman, o metro quadrado na região sai atualmente por algo entre 5 000 e 7 000 reais.

    Localizado a um quarteirão da Faria Lima, na rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior, 758, o New Century tem estilo contemporâneo, com poucos materiais de fachada. Proteção acústica por meio de vidros duplos, com 10 milímetros de espessura, pé-direito de 2,70 metros, laje de 1 000 metros quadrados e piso duplo garantem parte do conforto interno, assegurado ainda por uma parafernália de equipamentos de última geração: circuito de câmeras digitais, gerador de energia para 100% do consumo, elevadores velozes, ar-condicionado com sensores de presença, luminárias e reatores importados de baixo consumo de energia. Para chegar ao prédio ou deixá-lo, seus inquilinos e visitantes têm ainda a facilidade de um heliponto (para aparelhos de até 4,25 toneladas), além de estacionamento com 700 vagas e acesso tanto pela rua Leopoldo Couto de Magalhães Júnior quanto pela rua Horácio Lafer, atrás do New Century.

    À comodidade das instalações, somam-se os muitos benefícios da região. Bem servida de transporte urbano, comércio e serviços, e com acesso para todas as direções da metrópole, a chamada Nova Faria Lima fica ainda bem no coração dos bairros mais sofisticados da cidade, hábitat predileto da maior parte dos executivos das corporações ali instaladas. Foi pensando em tudo isso que, já em 1994, Lodygensky enxergou na avenida, que ainda era projeto, o local perfeito para abrigar a sede do CCF, preterindo a outra opção da companhia -- um terreno ao lado da Ceagesp, no bairro do Jaguaré. Samir Abdenour, um dos sócios da New Century, resume a questão: "A localização é o faro do construtor. Depende dela o sucesso do empreendimento".

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