Novo CEO continuará internacionalização da Gerdau, dizem analistas
Escolha não surpreendeu o mercado, que prevê manutenção da gestão atual
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.
Antecipada ontem por EXAME e confirmada nesta terça-feira (21/11) pela companhia, a notícia de que André Johannpeter será o CEO da Gerdau a partir de 2007 não despertou surpresas entre analistas. O mercado, que vinha acompanhando o longo processo de seleção do sucessor de Jorge Gerdau, acredita que a próxima gestão manterá o ritmo de internacionalização da empresa e seguirá com o processo de aquisições exibido nos últimos anos. Na Bolsa de Valores de São Paulo, as ações da Gerdau eram negociadas às 12h07 com alta de 2,09% - ritmo mais intenso que o do Ibovespa, principal indicador do pregão.
Filho de Jorge Gerdau, André hoje ocupa o cargo de vice-presidente da companhia, que faturou 25,5 bilhões de reais no ano passado. Em 1º de janeiro, ele assumirá o comando de um grupo que figura entre os 15 maiores do mundo no setor de siderurgia, com operações na América do Sul, na América do Norte e na Europa - e que segue crescendo adquirindo empresas estratégicas.
Ex-líder das operações da Ameristeel, empresa do grupo Gerdau na América do Norte, André possui experiência para seguir com a prática das aquisições, que proporciona à Gerdau um crescimento rápido em novos mercados, diz o analista Luiz Alberto Binz, da corretora Geração Futuro. "Foi uma importante vivência a que ele adquiriu lá. Permitiu que ele tenha uma visão boa do grupo como um todo", afirma. Binz também acredita que o estilo de gestão não deve tomar um rumo diferente justamente pelo fato de o novo CEO ser filho do atual - André já traria o espírito ambicioso de fazer negócios de Jorge, diz: "Ele possui incorporadas as melhores práticas, os melhores ensinamentos na forma de gerir, o empreendedorismo de alguém que pensa sobre o negócio 24 horas por dia, tem uma visão clara do setor e de onde buscar retorno".
Para o analista, o maior desafio de André à frente da próxima gestão será o de manter a estratégia acertada implementada pelo pai nas últimas duas décadas, permitindo que a empresa continue com resultados crescentes. Outro especialista do setor de siderurgia, que preferiu não se identificar, também diz crer que o ponto crucial da próxima administração será o de integrar todas as recentes - e próximas - aquisições ao grupo, como a anunciada nesta segunda-feira (20/11) da espanhola de aços especiais GSB Aceros, feita pela Sidenor, da qual a Gerdau detém 40%. "O principal será saber consolidar a liderança nas Américas ao mesmo tempo em que se volta para o crescimento em outras frentes, como a de aços especiais, por exemplo, em que a Gerdau tem feito as últimas aquisições na Europa", diz.
O mercado que André encontrará será promissor à Gerdau, na opinião dos analistas. Principalmente no Brasil. "O desempenho do mercado local tende a ser muito forte, por conta da política de redução de juros e dos incentivos ao mercado imobiliário, que devem favorecer o grande cliente da Gerdau: o setor da construção civil", afirma Elaine Rabelo, da Coinvalores.
Também em outros países da América do Sul - a Gerdau tem operações na Argentina, Chile, Uruguai, Colômbia e Peru - o potencial é de crescimento, afirma Binz, da Geração Futuro: "A Gerdau tem se preparado nos últimos anos por meio de aquisições para atender a uma demanda na região que deve crescer de forma muito importante daqui para frente". Na Europa, a aposta do analista é de que a Gerdau ganhará corpo para se tornar um grande fornecedor do mercado automotivo do Leste Europeu e da Ásia. Já nos Estados Unidos, Elaine, da Coinvalores, alerta que o desaquecimento do mercado imobiliário pode ser uma preocupação para o próximo CEO da Gerdau: "Com a desaceleração da construção civil, a gente não acredita que os Estados Unidos trarão resultados positivos. E isso influencia o desempenho do grupo, já que 50% da receita total vem da América do Norte".
Quem é André Gerdau Johannpeter |
Gaúcho, 43 anos. Terceiro dos cinco filhos de Jorge Gerdau Johannpeter |
Cargo atual Vice-presidente executivo do grupo Gerdau |
Formação Graduado em administração pela PUC de Porto Alegre. Fez cursos de especialização em administração na Universidade de Toronto, no Canadá, e em marketing, em Ashridge, na Inglaterra |
Início da carreira Aos 16 anos, como ajudante de operador, na fábrica de pregos do grupo |
Principais realizações na Gerdau Como principal executivo da Gerdau Ameristeel, tornou a empresa a segunda maior produtora de aços longos dos Estados Unidos |
Estilo Discreto. É tido como excelente administrador e estrategista, como o pai. Ao contrário de Jorge, atua mais nos bastidores |
Vida pessoal Dedicado ao hipismo, ganhou medalha de bronze na Olimpíada de Atlanta. Casado com a psiquiatra Tereza, tem três filhos |
Os números da Gerdau |
Veja os principais indicadores da companhia |
Faturamento 25,5 bilhões de reais |
Lucro líquido 3,3 bilhões de reais |
Funcionários 25 000 |
Posição no ranking mundial de fabricantes de aço 13o (1) |
Número de países em que opera 9 (Brasil, Estados Unidos, Canadá, Espanha, Argentina, Chile, Colômbia, Uruguai e Peru) |
(1) Com 13,7 milhões de toneladas Fonte: empresa (dados de 2005) |