Duas das maiores fabricantes de carros do mundo, a japonesa Nissan e a americana Chrysler, têm estudado um modelo de parceria no qual uma empresa passaria a produzir peças de automóveis - ou mesmo veículos inteiros - para a outra, mas sem deixar de concorrer nos mesmos mercados, informa a edição desta segunda-feira (17/12) do periódico nova-iorquino Wall Street Journal (WSJ).

O intercâmbio de serviços seria uma forma de aproveitar as especialidades de cada uma para aumentar a competitividade de ambas, já que as companhias possuem perfis complementares: enquanto a Nissan é reconhecida pela sua experiência com carros compactos e econômicos em uso de combustíveis, a Chrysler destaca-se na fabricação de grandes caminhonetes.

Segundo uma fonte não-revelada do WSJ, um dos focos da colaboração seria a produção de motores e sistemas de transmissão, mas nenhum anúncio sobre o tema deve ser feito nos próximos dois meses, pois as discussões sobre o formato de uma eventual parceria ainda estão em andamento.

Para a Nissan, formalizar acordo com uma concorrente não seria novidade. Na semana passada, a montadora divulgou ter fechado contrato para produzir, na sua fábrica em Smyrna, no estado americano de Tenessee, picapes de médio porte para a também japonesa Suzuki.

A Nissan também tentou durante meses, no ano passado, chegar a um acordo tríplice entre ela, sua parceira francesa, a Renault, e a americana General Motors. Embora a investida não tenha funcionado, a empresa permaneceu interessada em obter uma aliança com uma americana, de olho no potencial do mercado de picapes.

"Nós sempre dissemos que permanecíamos abertos a esse tipo de relacionamento. Temos diversos exemplos bem-sucedidos de negócios nesse sentido", afirmou ao WSJ o porta-voz da Nissan, Simon Sproule.

Já a Chrysler parece mais cautelosa quanto ao rumo das conversas. O executivo-chefe da companhia, Robert Nardelli, afirmou recentemente que havia "muita especulação" sobre as conversas entre a companhia que ele dirige e a Nissan.

Uma parceria com a montadora japonesa, no entanto, estaria alinhada com a estratégia da empresa por permitir avanços mais rápidos na produção de carros econômicos, uma das demandas recentes dos consumidores americanos, diante do reflexo dos preços recordes do petróleo sobre o combustível vendido nos postos. Também ajudaria a acelerar a expansão das vendas internacionais, num momento de estagnação no mercado americano. A Chrysler fechou recentemente um contrato com a chinesa Chery Automobile, para que a montadora asiática produza um modelo subcompacto a ser vendido com a marca Dodge, pertencente à Chrysler.