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Movida a tequila

México se consolida como o principal mercado para a líder das exportações

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

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  • O clima na fábrica da Volkswagen em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, não era nada bom no fim de agosto. A retração das vendas de veículos neste ano obrigou a montadora a dar férias coletivas de 20 dias a 2 500 funcionários. Além disso, teve de aplicar novamente a chamada "semana Volkswagen" -- jornada semanal de quatro dias, com a correspondente redução dos salários pelo dia não trabalhado. A medida, negociada com o sindicato dos trabalhadores, vem sendo aplicada sempre que as condições do mercado exigem, em troca da manutenção de emprego. Com 35% da capacidade ociosa, a fábrica de São Bernardo está operando em dois turnos, quando teria capacidade para três. A situação só não é mais grave porque no front externo a perspectiva é mais animadora.

    No ano passado, a Volkswagen exportou mais de 120 000 veículos, um recorde para a subsidiária brasileira da multinacional alemã. O resultado ajudou a colocar a montadora em primeiro lugar no ranking das maiores exportadoras com sede na Grande São Paulo, de acordo com o levantamento da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). (No ranking nacional, a Volkswagen ocupa a quarta posição, atrás da Embraer, da Petrobras e da Companhia Vale do Rio Doce.)

    Ao contrário do que ocorre no mercado interno, o volume das exportações da Volkswagen continua em alta neste ano. De janeiro a julho, ela embarcou 75 489 veículos para o mercado externo, 14,9% mais que no mesmo período do ano passado. A exemplo do que ocorreu em 2001, o principal comprador é o México. "A expectativa é que as vendas para o mercado mexicano atinjam 75 000 veículos neste ano, um crescimento de 20% em relação a 2001", diz o executivo Leonardo Soloaga, gerente de exportações da Volkswagen. As vendas para o México tiveram impulso há dois anos, quando foi assinado um acordo automotivo. Pelo acordo, o Brasil ganhou o direito de vender uma cota anual de 50 000 unidades ao México, pagando a tarifa de 8,8%. "Graças a esse acordo, mantivemos o equilíbrio das exportações", diz Soloaga. A Argentina, que chegou a importar 33 000 veículos em 1998 e era o principal destino dos veículos da Volkswagen brasileira, não deve comprar mais que 500 unidades neste ano. Para compensar, outro país latino-americano, o Equador, abriu em 2001 seu mercado para os automóveis da montadora brasileira. "A dolarização da economia do Equador elevou o poder de compra da população e chegamos a exportar 3 000 unidades para aquele país, em comparação com volumes irrisórios nos anos anteriores", diz Soloaga.

    Em julho, outra boa notícia para a Volkswagen: uma revisão do acordo com o México elevou a cota anual de vendas brasileiras para 140 000 veículos e reduziu a alíquota de importação a 1,1%. A mudança, somada à desvalorização do real, deve ajudar a Volkswagen a cumprir sua meta de crescimento do volume das exportações em 10% neste ano e em mais 8% em 2003.

    No ano passado, o Golf foi o modelo mais exportado pela Volkswagen (52 300 unidades), seguido pelo Gol (41 200) e pela Parati (16 600). Para aumentar suas receitas externas, a Volkswagen aposta agora no novo Polo, modelo que lançou em junho no Brasil depois de um investimento de 2 bilhões de reais na modernização da fábrica de São Bernar do. Até agosto, vendeu cerca de 400 unidades do Polo para Colômbia, Equador, Peru, Guatemala e Venezuela. A previsão é chegar a 3 000 unidades até dezembro. A exportação do modelo, no entanto, deve aumentar substancialmente a partir de janeiro de 2003, quando o México começará a receber o Polo saído da linha de montagem do ABC.

    Para não depender tanto de um só comprador, a saída é a busca de novos mercados. "Estamos negociando com a matriz alemã a possibilidade de fechar um acordo de venda de veículos da família Polo para a Europa", diz Soloaga. "Se der certo, a utilização da capacidade produtiva da Volks no Brasil deve subir para 85%, o que é considerado um bom índice." Mas a negociação não está sendo nada fácil: as fábricas européias também amargam uma redução das vendas e não estão dispostas a abrir o mercado para novos concorrentes. O reflexo disso é mais visível no caso da Fiat, que destina 40% de suas exportações para o continente europeu. De janeiro a julho, a subsidiária brasileira da Fiat sofreu uma queda de 47,7% no volume de exportações em relação a igual período do ano passado.

    Apesar das barreiras, a expectativa da Volkswagen é que o peso das exportações aumente de 30% do faturamento no ano passado para 32% neste ano e para 40% em 2003. Mais uma vez, a grande contribuição para atingir essas metas deverá vir do México. A terceira fase do acordo automotivo com os mexicanos prevê que a cota anual brasileira subirá para 165 000 veículos a partir da metade do próximo ano. Além disso, o carro brasileiro deixará de ser onerado com o imposto de importação. "O mercado do México estará próximo do limite de crescimento, mas ainda há espaço para elevar seu volume de importações em até 10%", diz Soloaga.

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