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Mercedes-Benz convoca 1,5 mil funcionários afastados

Funcionários da fábrica de São Bernardo do Campo, em São Paulo, estavam com contratos suspensos desde meados de junho

Linha de produção de caminhões da Mercedes-Benz (CLAUDIO GATTI)

Linha de produção de caminhões da Mercedes-Benz (CLAUDIO GATTI)

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Da Redação

Publicado em 18 de dezembro de 2012 às 09h17.

São Paulo - Os quase 1,5 mil funcionários que estão em lay-off (suspensão temporária de contratos) desde meados de junho na fábrica da Mercedes-Benz em São Bernardo do Campo, no ABC paulista, voltarão ao trabalho em janeiro.

Diante da recuperação do mercado de caminhões e ônibus neste último trimestre, a empresa decidiu reativar o segundo turno suspenso em maio e voltará a operar com seu quadro completo de 12 mil trabalhadores. A volta será escalonada durante janeiro e, em fevereiro, será reativado o segundo turno, informou ontem o presidente da montadora, Jürgen Ziegler. "Tivemos um ano bem difícil, mas, com as perspectivas de retomada dos mercados agrícola, de mineração e obras de infraestrutura esperamos um cenário mais positivo para 2013."

O executivo aposta num crescimento de 3% a 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013. Segundo ele, os sinais positivos para a economia começaram a aparecer nos últimos meses, depois que o governo lançou plano especial de financiamento para caminhões e ônibus, parte dele já prorrogado até o fim do ano que vem.

"Ainda esperamos uma decisão sobre a manutenção do corte do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados)", afirmou Ziegler. A alíquota de 5% está zerada desde 2009, mas o benefício está previsto para acabar neste mês.

A Mercedes espera produzir cerca de 60 mil caminhões e ônibus em 2013 (incluindo a fábrica de Minas), ante 50 mil neste ano e 80 mil em 2011. Com a queda nas vendas, além de colocar parte do pessoal em lay-off, a empresa deu férias coletivas e licença ao restante do pessoal em mais de 40 dias durante o ano. A produção total de caminhões no País deve cair 40% neste ano, para cerca de 130 mil unidades. Para 2013, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) espera crescimento de 7%.

Somado à demanda fraca, o mercado este ano foi afetado pela mudança na legislação de emissões, que estabeleceu a adoção de uma tecnologia menos poluente em todos os veículos, chamada de Euro 5. A mudança resultou em reajustes de 8% a 15% nos preços e provocou antecipação das compras em 2011.

Entre julho e novembro, a MAN/Volkswagen, com fábrica em Resende (RJ), também colocou 270 funcionários em lay-off, mas eles voltaram neste mês. Na Scania, as férias coletivas foram reduzidas em dez dias.

Ziegler informou que a Mercedes mantém o plano de investimento de R$ 1,5 bilhão para o período 2010-2013 e que definirá, até março, se voltará a produzir automóveis no Brasil.

A MAN tem plano de R$ 1 bilhão de 2012 a 2014 que inclui a construção de nova fábrica ao lado da atual quando a demanda for mais consistente. Em 2013, três autopeças (Arvin Meritor, Maxion e Suspensys) vão inaugurar fábrica no complexo modular da MAN, com investimento de R$ 85 milhões e geração de 700 empregos.

Flexibilidade

A dispensa temporária dos 1,5 mil funcionários foi negociada com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. No período em que ficaram sem trabalhar, eles passaram por cursos de requalificação oferecidos em parceria com o Senai.

Durante os primeiros cinco meses da dispensa, parte dos salários foi paga pela empresa e parte pelo Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Nos últimos dois meses, só pela empresa. "Esperamos para o futuro mais flexibilidade na área de trabalho para compensar flutuações da economia", disse Ziegler. "Cinco meses de lay-off não são suficientes para superar uma crise." A legislação permite a participação do FAT para complementar salários apenas por cinco meses.

Valter Sanches, diretor do sindicato e membro do conselho de administração da Mercedes na Alemanha, espera que em breve o governo apresente projeto de flexibilização das relações trabalhistas com base no modelo alemão que permite, por exemplo, acordos por empresas. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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