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Mercado rebaixa preço de venda da Cesp devido às concessões

Governo paulista afirma que a geradora será vendida com a renovação apenas da concessão de Porto Primavera, que vence neste ano

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Após duas tentativas frustradas, em 2000 e 2001, a Companhia Energética de São Paulo (Cesp) pode ser vendida pelo governo paulista por um preço inferior ao que desejava. Para o mercado, empresa ficou menos apetitosa após a audiência pública realizada pelo governo paulista nesta terça-feira (15/1), para explicar o modelo de sua venda. Antes, os analistas apostavam que em um preço justo de cerca de 60 reais por ação ordinária para arrematar a empresa - 33% mais que os 45 reais estimados pelos bancos Fator e Citi, assessores do governo na operação. Agora, as apostas já se concentram na faixa de 50 reais. Na hipótese mais otimista, o valor chegaria a 55 reais. O que corroeu em apenas uma tarde as expectativas foi a frustração quanto às concessões da terceira maior geradora de energia do país. Os analistas esperavam que a Cesp fosse vendida com a renovação prévia de suas principais usinas - cujas concessões vencem até 2015. O governo paulista, porém, afirmou que está negociando apenas a de Porto Primavera, que vence em maio deste ano. Caberá ao novo controlador a tarefa de renegociar as demais junto à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

"A não-renovação embute um novo risco ao comprador - o de não conseguir operar as usinas após o término das outorgas", diz um analista de mercado que pediu pra não ser identificado. Além de Porto Primavera, cuja capacidade é de 1,54 mil megawatts (MW), outras três usinas do parque da Cesp terão suas licenças revistas nos próximos anos. A primeira é a de Três Irmãos, com capacidade de 807,5 megawatts (MW), que vence em 2011. Em 2015, expirarão as concessões de Ilha Solteira, a terceira maior usina do país, com 3,44 mil MW, e a de Jupiá, com 1,55 mil MW. No total, a Cesp opera seis hidrelétricas, com capacidade instalada de 7,456 mil MW.

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A notícia muda os cálculos feitos até agora pelos potenciais compradores. "Uma coisa é assumir a Cesp com a certeza de que suas usinas poderão operar por mais 30 anos; outra é saber que há o risco de que, em menos de dez anos, elas não possam mais gerar energia", afirma o analista.

Em 2006, durante o processo de venda da Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista (Cteep), o governo paulista já havia tentado renovar a concessão de Porto Primavera por mais 30 anos. O objetivo era tornar o leilão mais atraente, mas não houve acordo com a Aneel.

Inaugurada parcialmente em 1999, Porto Primavera também foi uma das causas do insucesso das outras tentativas de vender a companhia. A usina demorou mais de 20 anos para ser concluída, o que elevou seu custo à casa dos bilhões e despertou polêmicas quanto ao real valor dos ativos da Cesp. Para se ter uma idéia, na época das duas primeiras tentativas, um terço da dívida de 6,5 bilhões de reais da Cesp decorria dos custos de construção de Porto Primavera. Além disso, o edital ainda previa a obrigação de o vencedor realizar novos investimentos para concluir a obra.

Nesta terça-feira, o secretário-adjunto da Secretaria da Fazenda de São Paulo,George Tormin, foi firme ao reinterar que o governo requisitou à Aneel apenas a aprovação da transferência de controle da Cesp, e a renovação de Porto Primavera. A nova concessão deve sair entre o final de janeiro e fevereiro, segundo Tormin.

O ânimo dos investidores pôde ser medido também pelo comportamento dos papéis da Cesp na Bolsa de Valores de São Paulo. As ações preferenciais de classe B (CESP6), que compõem o Ibovespa - principal indicador do pregão - abriram o dia a 46 reais e chegaram a subir para 46,38 reais por papel. Em apenas 15 minutos, porém - entre as 15h15 e 15h30 - os papéis iniciaram uma forte queda e chegaram a perder 10,4%, na mínima do dia (41,20 reais). As ações terminaram o dia em 44,9 reais, com queda de 3,37%. O Ibovespa fechou em baixa de 3,67%.

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