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Maior varejista chileno compra GBarbosa

Carrefour e Pão de Açúcar também estavam interessados na rede nordestina

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A Cencosud, maior rede varejista chilena, anunciou hoje a aquisição da cadeia de supermercados GBarbosa. O preço do negócio alcança 380 milhões de dólares (cerca de 660 milhões de reais). O valor refere-se a 100% do capital da empresa, que era controlada pelo fundo de private equity Acon. Os chilenos também vão assumir 50 milhões de dólares em dívidas da GBarbosa, representadas por um empréstimo intercompanhias de seus antigos controladores.

O acordo marca a entrada da Cencosud no Brasil e uma derrota das duas maiores redes varejistas locais - o Carrefour e o Pão de Açúcar, que também disputavam a GBarbosa. A companhia é a quarta maior varejista do país, com 46 supermercados na região Nordeste. O Wal-Mart não participou da disputa, pois, se vencesse, seria forçado a vender algumas de suas lojas na região para evitar problemas de concentração de mercado. Em paralelo, a Acon também cogitou vender sua participação na GBArbosa por meio de uma oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa de Valores de São Paulo. A pulverização do controle seria inspirada no modelo inaugurado, no Brasil, pela Lojas Renner. O prospecto preliminar da operação chegou a ser encaminhado à Comissão de Valores Mobiliários. Com a venda para a Cencosud, o IPO será suspenso.

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A acirrada disputa pela rede sergipana é apenas o episódio mais recente da forte consolidação vivida pelo setor de varejo de alimentos no país. Além disso, o Nordeste é uma região estratégica, por apresentar uma taxa de crescimento acima da média brasileira. Neste ano, a GBarbosa espera uma receita líquida de aproximadamente 1,5 bilhão de reais (cerca de 870 milhões de dólares). Para o próximo ano, a empresa já poderá responder por aproximadamente 11% do faturamento líquido do Grupo Cencosud. Para tanto, a estimativa é de que o Brasil adicione 1 bilhão de dólares em vendas ao faturamento já esperado de 8 bilhões de dólares, totalizando agora 9 bilhões. "Esperamos algum crescimento das vendas nas lojas já existentes, e também expansão dos negócios na região", afirmou Laurence Golborne, executivo-chefe da Cencosud, durante teleconferência com a imprensa nesta manhã.

Chilenos versus americanos

Golborne evitou detalhar os planos de expansão da nova controlada. Sem divulgar números de investimento ou quantas lojas poderão ser abertas no curto prazo, o executivo afirmou apenas que o Nordeste continuará como prioridade. "Pode levar alguns anos até estudarmos outras regiões do país", disse.

Concentrar suas forças no Nordeste representa, também, enfrentar a concorrência do Wal-Mart, cuja presença também é grande na região. Em comum, ambas apostam no modelo de baixos preços para conquistar a freguesia. Para a GBarbosa, porém, não se trata de uma disputa frontal. "Não vamos atacar nenhum concorrente. Vamos continuar nos apoiando em três pilares: preços baixos, bom atendimento e lojas próximas do consumidor", afirmou Gerard Scheij, presidente do GBarbosa.

O fato de enfrentar a maior rede de varejo do mundo também não assusta os novos controladores da empresa sergipana. "A GBarbosa possui uma marca forte no Nordeste, onde acumula uma experiência de 50 anos. O Wal-Mart não está há tanto tempo lá", declarou Golborne. O executivo observou, ainda, que em Sergipe, Bahia e Alagoas, estados onde as duas empresas mantêm lojas, o tamanho das redes é semelhante.

Um modo de preservar essa experiência será manter a atual direção da companhia brasileira. Por ora, não estão previstas mudanças. Os novos controladores afirmam, ainda, que, diante dos planos de expansão, a intenção é aumentar o quadro. "Nossa política é trabalhar com 100% de pessoal local, e vamos manter isso no Brasil", afirmou o fundador da Cencosud e presidente do conselho de administração, Horst Paulmann.

Recursos

A aquisição será paga em cash, e não haverá parcelamento. Para custeá-la, a Cencosud contará com recursos próprios e crédito de bancos, como o Santander.

Já para os investimentos que devem realizar no Brasil, os chilenos devem realizar, no curto prazo, um aporte de capital na GBarbosa. No médio prazo, porém, não está descartada a possibilidade de recorrer ao mercado de capitais, por meio de um IPO. "Todas as opções devem ser estudadas", disse Golborne.

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