A valorização do euro em relação ao dólar, a queda das vendas de veículos nos maiores mercados do mundo e os altos custos dos lançamentos estão afetando os resultado globais da Volkswagen. No primeiro semestre, o lucro teve uma queda de 57%: totalizou 596 milhões de euros, contra 1,4 bilhão de euros contabilizados em igual período do ano passado, conforme relatório divulgado pela matriz alemã nesta sexta-feira (25/7). No segundo trimestre do ano, o lucro da companhia caiu 49% em relação a igual período do ano passado. O resultado passou de 776 milhões de euros para 394 milhões.

A retração mais acentuada nos negócios no segundo trimestre ocorreu na região que engloba América do Sul e África do Sul, onde as vendas caíram 19,9%. O relatório chama atenção para o baixo desempenho no mercado brasileiro, fruto da crise econômica interna. Nos Estados Unidos a queda foi de 10,1% e na Europa de 5,3%. Houve expansão apenas na China, onde as vendas cresceram 51,8%.

Segundo o relatório, a queda das vendas no Brasil foi acentuada, da ordem de 21,3% no primeiro semestre. Na tentativa de contornar a situação local, a Volkswagen decidiu investir 300 milhões de reais para a criação da Autovisão do Brasil, empresa voltada à criação de novos negócios e a geração de empregos. A Volkswagen anunciou a necessidade de reduzir seu quadro funcionar, cortando quase 4 000 empregos. O efetivo seria remanejado a partir da Autovisão.

A proposta foi recebida com resistência pelo movimento sindical, especialmente pelos sindicatos que atuam nas unidades paulistas de Taubaté e Anchieta, onde há acordo de estabilidade. A empresa e os funcionários têm se reunido para deixar a proposta clara. Houve um encontro ontem e outro está agendado para a próxima quarta-feira (30/7) na unidade de Taubaté.

Para o segundo semestre, a Volkswagen não acredita em uma melhora na situação econômica do país capaz de alterar as vendas internas, nem espera um resultado operacional em nível global acima dos resultados registrados no ano passado. O lucro operacional no primeiro semestre teve uma queda de 51,8% e totalizou um resultado de 1,22 bilhão de euros. No segundo trimestre, a retração foi de 56,1% em relação ao segundo trimestre de 2002, fechando em 616 milhões de euros.