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Jorge Gerdau garante que não será ministro de Lula

Empresário, que se prepara para deixar o comando do grupo siderúrgico, afirma que continuará defendendo choque de gestão no governo

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h39.

O empresário gaúcho Jorge Gerdau Johannpeter garantiu nesta terça-feira (21/11), durante evento no qual anunciou seu sucessor na presidência da Gerdau, que não será ministro. "É definitivo", diz "Vou continuar ajudando, como sempre fiz, incentivando o governo a fazer um trabalho de redução de custos." Gerdau é um divulgador dos programas de qualidade e do trabalho do consultor Vicente Falconi e espera convencer o governo federal a adotar programas de redução de despesas como fez o estado de Minas Gerais. Para o empresário, o tema gestão aflorou no debate político porque a carga tributária passou do limite e, para aumentar a receita, o governo precisa um choque de gestão. "Tenho corrido o Brasil com apoio do Falconi. Sou um vendedor dessa idéia", diz. "Não tenho poupado tempo nem esforço para isso."

Para Gerdau, o setor público é uma grande empresa que precisa ser bem administrada. "Até corrupção você reduz com boas tecnologias de gestão", diz. Segundo o empresário, o maior desafio do governo Lula é crescer 5%, o único modo de gerar empregos. "O assistencialismo é necessário quando não há chance de gerar empregos e está na hora de sairmos do assitencialismo", diz. Ele lembra que países em desenvolvimento, como o Brasil, têm crescido a taxas de 5% a 6%. Para ele, o problema no país é que o índice de poupança é pequeno em relação ao PIB. "Há 20 anos que o índice de poupança é de 20% do PIB. E, segundo o Banco Mundial, nenhum país cresce mais de 2,5% com essa taxa de poupança", diz.

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Para romper esse ciclo vicioso e acelerar o nível de investimento sobre o PIB, só há um caminho, conforme o empresário: aumentar o índice de poupança. "Por meio de gestão se obtém poupança significativa e esta é a melhor forma de buscar recursos para investimentos em infra-estrutura que vão gerar empregos", diz Gerdau. "Dá para poupar, só com gestão, sem mexer nas regras, mais de 50 bilhões de reais em quatro ou cinco anos." Ele diz que em Minas Gerais, um déficit de 12% foi revertido para superávit com tecnologia de gestão. "No momento em que o mercado percebe o aumento da poupança, os investimentos começam a acontecer. É milagroso, começa um giro virtuoso", diz. "Aumentar impostos e empobrecer a sociedade é algo que precisa acabar."

Para ele, paralelo ao choque de gestão, há uma lista clássica de projetos e reformas necessários - tributária, previdenciária, trabalhista, política, judiciária, etc. - , mas que são lentos e devem ser buscados paralelamente ao trabalho de gestão. "O Brasil tem que gerar empregos ontem, não pode esperar todas as reformas", diz. Segundo ele, sair de uma poupança que hoje gira em torno dos 22% do PIB para 27% ou 28%, o que seria ideal, é algo que se pode conseguir em apenas um ano. "Dá para atingir em um ano, mas precisa disciplina de poupança, o que é difícil."

Sobre o problema do câmbio enfrentado pelos exportadores, Gerdau disse que, ao optar pelo câmbio livre, o que ele acha correto, fica-se com uma margem operacional muito pequena. "A única solução seria que o juro caísse muito para que você possa comprar muito dólar, mas isso é um risco, não é uma possibilidade atual", diz ele. Perguntado sobre se defenderia o protecionismo do governo em algum setor específico para reduzir o problema, Gerdau foi enfático. "Eu não defendo o protecionismo numa área, mas eu acho que o país tem que se capacitar para processos anti-dumping em geral". Para ele, o país precisa ter capacidade de administrar essas questões como todos os países desenvolvidos fazem.

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