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Império financeiro

Uma em cinco agências bancárias na região metropolitana é do Bradesco -- que quer mais

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

  • Veja o ranking dos 30 setores avaliados por EXAME SP
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    Queremos deixar claro: somos o maior banco da capital paulista, sim!" Foi com essa declaração que o executivo Márcio Cypriano, presidente do Banco Bradesco, recebeu a repórter. A razão da ênfase: para elaborar o ranking das maiores redes bancárias, EXAME SP escolheu como critério o número de agências contabilizadas pelo Banco Central (BC) nos 39 municípios da região metropolitana. Deu Bradesco disparado. Ocorre que em outro levantamento do BC, com dados isolados sobre a capital, a liderança era do Itaú -- com a diferença de uma única agência. Cypriano apresentou números consolidados, incluindo as agências do BCN e do Mercantil de São Paulo, instituições adquiridas pelo Bradesco que aparecem isoladas na lista do BC. O Bradesco detém a liderança também na capital. "É difícil acompanhar o crescimento das redes em São Paulo", diz Cypriano. "Mal se inaugura uma agência, surge um concorrente colocando uma placa do outro lado da rua."

    O preciosismo na contabilização das agências ilustra o grau de competição que caracteriza o setor desde 1994. Sem os ganhos com a inflação, ter o maior número de pontos de atendimento virou um trunfo para alcançar um maior número de clientes e oferecer-lhes mais serviços e crédito -- no jargão do mercado, ganhar escala. Comprar instituições menores, públicas ou enfraquecidas pelas novas regras foi a saída para vencer os concorrentes e expandir a carteira de clientes no menor tempo possível. O Bradesco entrou firme nessa corrida. Nos últimos seis anos, fez 15 aquisições e incorporações.

    Com esse passo acelerado, o Bradesco consolidou a liderança em São Paulo, o mais importante mercado de produtos financeiros do país. Até o fechamento desta edição, sua rede contava com 546 agências na Grande São Paulo, 387 delas só na capital. Isso representa 21% dos 2 631 estabelecimentos mantidos na região metropolitana por 130 instituições, entre caixas econômicas, bancos comerciais, múltiplos e de investimentos.

    São Paulo tem um peso especial para os negócios das maiores instituições do setor. Os dez principais bancos que atuam na região metropolitana também controlam 75% das agências bancárias do Brasil, cerca de 13 000 estabelecimentos. Aproximadamente 17% deles estão na região. Para o Bradesco, a Grande São Paulo representa 30% dos 170 bilhões de reais captados e administrados no país pela instituição. Nessa área, por exemplo, estão 5 000 dos 21 000 caixas eletrônicos da rede Dia e Noite. Nas máquinas paulistanas é feito um terço de todas as transações nacionais -- quase meio bilhão de reais por ano. Na Grande São Paulo também estão 1,4 milhão dos 3,4 milhões de clientes que usam os serviços do banco pela internet.

    A tecnologia tem sido uma das grandes ferramentas para viabilizar o crescimento. As novas unidades têm um número maior de terminais e menos funcionários. A agência Nova Central, na avenida Ipiranga, a maior da região metropolitana, é o retrato dessa evolução. Seus 2 800 metros quadrados abrigam 32 caixas de auto-atendimento e 168 funcionários. Em 1982, quando Cypriano era gerente da Nova Central, havia 1 100 bancários e nenhuma máquina.

    O Bradesco não cresce apenas em casa. Tornou-se o gigante paulistano do setor bancário nacional e um dos símbolos de São Paulo. O banco inaugura uma agência por semana em algum ponto do Brasil. No ramo financeiro, tem entre suas controladas 39 instituições das áreas de seguro, previdência e capitalização, no Brasil e no exterior. Lançou em agosto a maior financeira do país, com a marca Finasa, e planeja virar referência também no setor de veículos com a criação da Bradesco Consórcio. "Trabalhamos para superar o Banco do Brasil e ser a maior instituição do país", diz Cypriano. "Parece pretensão?", pergunta.

    A história recente mostra que não. No ano de estréia do Plano Real, o banco da Cidade de Deus ultrapassou o Banco do Brasil e assumiu a liderança na lista de bancos e caixas econômicas listados por Melhores e Maiores, da revista EXAME. Entre as grandes provas de fogo dessa ascensão esteve a concorrência dos bancos estrangeiros, autorizados a operar no país a partir de 1996. "Pensamos que eles trariam taxas de juro mais baixas", diz Cypriano. "O tempo mostrou que nós tínhamos mais experiência para lidar com o mercado local." Prevaleceram os bancos nacionais entre os maiores (leia-se: bancos paulistas), que não pretendem parar de crescer tão cedo. "Ainda temos algumas compras para fazer", afirma Cypriano.

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