Grande BH passa por crise no setor hoteleiro

O anúncio de fechamento de dois hotéis em Minas Gerais confirma a tendência de que o setor no estado está saturado. Recentemente, fecharam as portas o Brasilton, de Contagem, e o Palmeiras da Liberdade, um hotel de 3 estrelas em um sofisticado bairro comercial na capital mineira.

O setor hoteleiro da Grande BH parece ter recebido mais investimentos do que o necessário para atender o crescimento do mercado. A rede de hotéis na região dobrou nos últimos oito anos. Em 1994 havia apenas 70 hotéis na cidade. Hoje somam 147. O número de leitos, que era de 11 250, passou para 22 500. No mesmo período, o crescimento do PIB local, segundo César Viana, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, a ABIH de Minas Gerais, ficou em torno de 16%. "A conseqüência é que a taxa de ocupação, que era de 60% em 1994, é hoje de 40%", diz Viana. "Com 40% não há lucro. É risco puro. Daí o fechamento dos hotéis. Os mais antigos não agüentam mesmo".

Qual seria, então, o desafio para o futuro do setor hoteleiro de Minas Gerais? Tornar a região metropolitana de Belo Horizonte atraente para novas feiras, convenções, exposições e outros eventos. Mas para superar o quadro adverso, afirma Viana, o setor também precisará driblar a crise financeira do estado. "Além do problema estrutural do setor, temos a conjuntura econômica desfavorável", diz o presidente da ABIH.

Diante dos números e do risco de prejuízo, o setor hoteleiro percebeu que é hora de frear sua expansão. Os projetos que ainda não saíram do papel são postergados. Já os hotéis que estão em construção terão o cronograma de obras atrasado. A rede Ibis, que havia projetado dois novos hotéis, deve inaugurar um, perto da Savassi, em julho e outro, próximo a Betim, em outubro.