Negócios

Gás e coragem

Eis a receita de uma das principais executivas do setor para superar a crise

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Sari Baldauf é figura constante nas listas das mulheres mais poderosas do mundo dos negócios. Formada em economia e fluente em cinco línguas, essa finlandesa de 47 anos é presidente da divisão de equipamentos de infra-estrutura da Nokia, um negócio de 7 bilhões de dólares. Apesar de sua unidade ser a mais afetada pela crise das telecomunicações, ela permaneceu sorridente e otimista durante uma conversa recente com EXAME. Talvez porque o motivo de sua visita não tivesse nada a ver com negócios -- Sari esteve em São Paulo para o lançamento de um programa de cidadania corporativa desenvolvido em parceria com a IYF (International Youth Foundation) e a Fundação Abrinq. Eis os principais trechos da conversa.

Gostaria de começar falando da crise nas telecomunicações...

Crise? Você poderia usar outra palavra? (risos) Bem, você sabe que a palavra crise tem dois lados: ameaça e oportunidade.

Quais são as ameaças e quais são as oportunidades para a Nokia neste momento?

Estamos num momento de transição. Estão surgindo novos serviços, todos baseados em uma convergência de várias tecnologias: internet, telefonia, televisão, e assim por diante. Vai levar tempo até que eles decolem. No curto prazo, isso significa menos crescimento. No longo prazo, porém, estamos confiantes. Temos tecnologia e temos dinheiro. Mas vamos precisar de gás, coragem e paciência, que é uma palavra pouco ouvida em Wall Street (risos).

Como a crise das operadoras afeta a sua divisão?

Nos anos 90, várias novas empresas surgiram. Agora, está acontecendo o contrário. Estamos assistindo a uma consolidação de operadoras. Em Hong Kong, se não me engano, havia oito redes paralelas de telefonia. Era um exagero. Não acredito que haverá apenas uma rede por região. Vai depender do tamanho do mercado. Mas oito redes? Difícil. Os excessos também aconteceram na Europa. É óbvio que nem todos conseguirão recuperar o dinheiro investido na terceira geração. Mas estamos confiantes.

Há o risco da volta aos monopólios?

Não acredito que vamos voltar aos bons tempos dos monopólios. Bons tempos para os monopolistas, não para os fornecedores (risos).

Investir na Nokia sempre foi um bom negócio, e

manter os acionistas satisfeitos é uma preocupação da empresa. Como isso se traduz no dia-a-dia?

É preciso ter uma estratégia, saber aonde se quer chegar e trabalhar duro. E só. Não quero dizer que os acionistas não sejam importantes. Mas talvez nossa cultura não seja tão parecida com a americana. Não olhamos para o mercado a cada 15 minutos. Estamos aí há 137 anos. Já vivemos muitas dificuldades e sobrevivemos a todas elas.

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