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Esqueceram a ferradura

O plano diretor falha ao não integrar os aspectos econômicos e sociais de uma metrópole que mudou de perfil e se globalizou. As atividades que geram empregos, investimentos, formação e distribuição da riqueza não são consideradas. Além disso, o plano não se baseia no papel estratégico que cabe a São Paulo ou que a cidade […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

O plano diretor falha ao não integrar os aspectos econômicos e sociais de uma metrópole que mudou de perfil e se globalizou. As atividades que geram empregos, investimentos, formação e distribuição da riqueza não são consideradas. Além disso, o plano não se baseia no papel estratégico que cabe a São Paulo ou que a cidade deseja ter.

Nas áreas centrais de São Paulo, as mais ricas, a população vem diminuindo, enquanto a habitação e os serviços se verticalizam. Quanto mais avançamos para a periferia, menor é a renda e maiores a população e a carência de serviços e de empregos. Entre as duas regiões existe uma enorme ferradura industrial enferrujada (veja mapa), com imóveis desocupados e de pouco valor comercial. A região é servida por malha de trem integrada a outras formas de transporte. Com mais algum investimento seria possível atingir a ferrovia da Marginal Pinheiros e formar um anel de circulação, que ajudaria a desafogar o trânsito. Assim, em vez de algumas operações urbanas, essa imensa região poderia abrigar novos bairros e os equipamentos de que a cidade precisa para se manter atrativa e um pouco mais humana. Há que se concordar que entre a proposta inicial do plano e o substitutivo ocorreram mudanças positivas. Entretanto, perde-se a grande oportunidade de uma intervenção mais ambiciosa na cidade.

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Nas regiões periféricas, a criação de mais de 500 Zonas Especiais de Interesse Social (Zeis), que incentivam construções de até 70 metros quadrados, deverá canalizar investimentos privados e propiciar melhorias habitacionais. O problema são as áreas não cobertas pelas Zeis. Se a nova lei de zoneamento não contemplar os usos adequados, há o risco de aumentar a favelização. Por outro lado, o plano tem como diretriz conter o adensamento na "submacrozona consolidada" (a área interna da ferradura) com outorga mais alta, porém ocorrerá o inverso. Como o valor da terra diminuirá para proprietários, haverá maior oferta, que será alvo de verticalização, dada a mais-valia implícita na vitalidade econômica da região.

Sim, é melhor ter um plano do que não ter nenhum. Com esse plano diretor, o setor de construção civil deverá fazer muitos negócios, mas precisará torcer para que a economia da cidade volte a crescer. Resta saber como isso será possível.

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