Em outra

As notícias sobre as fraudes contábeis no grupo holandês Royal Ahold repercutiram num pequeno escritório localizado na praia de Boa Viagem, no Recife, capital pernambucana. É ali que o empresário João Carlos Paes Mendonça, antigo dono do Bompreço, dá expediente todos os dias. Paes Mendonça vendeu ao Ahold sua participação na rede em duas partes, uma em 1996 e outra em 2000, por um valor estimado pelo mercado em cerca de 500 milhões de reais. Uma parcela importante do pagamento, que Paes Mendonça não revela, veio em ações do Ahold. Em agosto do ano passado, o valor de cada ação atingiu o auge de 18,74 dólares. Em abril, quando as notícias de derrocada começaram a circular pelo mercado, a cotação caiu para 2,72 dólares. Hoje está em torno de 7 dólares.

"Acompanho as notícias sobre o Bompreço e o Ahold", diz. "Mas hoje meu negócio é outro." Aos 65 anos, Paes Mendonça está à frente do grupo JCPM. Os negócios compreendem a área imobiliária, como participações em shoppings, em que dois de seus nove irmãos são sócios, e a de comunicações, com o Jornal do Commercio, de Pernambuco, uma emissora de TV, cinco estações de rádio AM e uma FM. Um de seus investimentos mais recentes foi a compra de 20% de participação no Shopping Villa-Lobos, em São Paulo, por uma cifra não revelada.

Paes Mendonça concentra-se agora em colocar em pé um centro empresarial no Recife e um shopping e uma torre de escritórios em Salvador, na Bahia. Ele nega veementemente o boato que circula de tempo em tempo no mercado, sobre seu interesse em comprar redes de varejo locais. "Comecei nesse mercado cedo e, quando vendi a participação no Bompreço, saí definitivamente", diz Paes Mendonça. "Não tenho o menor interesse em voltar."