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É permitido sonhar

O maior patrão incentiva os funcionários com sua política de valorizar a prata da casa

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

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    A paulistana Suzete Donega tinha 17 anos quando começou a trabalhar como escriturária no Bradesco. Passou por vários departamentos, foi promovida e hoje é gerente da agência de Vila Yara, em Osasco, na Grande São Paulo. Em 26 anos no banco, recebeu propostas para trabalhar em outras empresas. Nem quis conversa. "Tenho a chance de fazer carreira no Bradesco", diz. Em agosto, Suzete iniciou um curso de MBA em negócios bancários na Fundação Getulio Vargas. Integra a primeira turma de 30 gerentes de agência escolhidos para fazer o curso, desenhado sob medida para o Bradesco -- que arca com o custo de 14 000 reais por funcionário. O curso deve impulsionar a carreira de Suzete. Até onde ela pretende chegar? "Quero ser diretora", afirma.

    Suzete não é a única a sonhar alto. Maior empregador privado da Grande São Paulo e do país, o Bradesco tornou-se um império financeiro com uma política de recursos humanos alicerçada na "carreira fechada". Na hora das promoções, dá preferência a seus funcionários. Qual a vantagem de valorizar a prata da casa? "Os funcionários se dedicam mais, pois todos podem aspirar chegar ao topo", diz o executivo Milton Matsumoto, diretor de RH do Bradesco. O próprio Matsumoto soube aproveitar as oportunidades criadas pela política de carreira fechada. Chegou a diretor depois de ter começado no banco como contínuo, há 45 anos.

    Dos atuais 20 diretores executivos do Bradesco, nenhum foi recrutado no mercado. Isso inclui o presidente, Márcio Cypriano. Quando ingressou no Bradesco, sua ambição era tornar-se diretor. "Não pensava em ser presidente e, de repente, surgiu a oportunidade." Não foi tão repentino assim -- o executivo está no banco desde 1973. Seu antecessor no cargo, Lázaro de Mello Brandão, que hoje preside o conselho de administração, também começou no Bradesco como um funcionário de carreira.

    É claro que pouquíssimos irão tão longe, mas, em tese, todos podem sonhar com uma carreira. As chances são maiores para quem trabalha numa região como a Grande São Paulo. "Aqui a ascensão é mais rápida", diz Matsumoto. "Como há mais agências, surgem mais oportunidades." A região metropolitana concentra mais de 40% dos 77 000 funcionários da Organização Bradesco. Só na sede do grupo, na Cidade de Deus, em Osasco, são quase 8 000 funcionários -- mais do que uma empresa do porte da Casas Bahia tem em suas 112 lojas na Grande São Paulo. O maior patrão do Brasil já foi muito maior. No auge, em 1986, teve 165 000 funcionários no país. Desde então, promoveu uma gradual e dramática redução de pessoal. Deixou de repor os funcionários que se aposentavam ou que se demitiam. Conseguiu cortar o quadro pela metade -- isso apesar de ter comprado vários bancos no período, como o BCN e o Mercantil de São Paulo.

    Para quem sobreviveu ao enxugamento, o Bradesco oferece uma estabilidade invejável: quase a metade dos funcionários tem mais de dez anos de casa. É um contraponto para uma outra realidade: são poucas as chances de uma carreira meteórica. Como numa empresa típica japonesa, a regra no Bradesco é começar de baixo e ralar muito para alcançar um posto de responsabilidade. No percurso, o funcionário deve aprender a seguir valores como dedicação, lealdade e disciplina.

    Não se pode negar que esse estilo Bradesco vem dando resultado. Quando Cypriano assumiu o comando do grupo, em março de 1999, o banco tinha 6,6 milhões de correntistas. O novo presidente traçou uma meta: atingir 10 milhões de correntistas até dezembro de 2000. Crescer mais de 50% em menos de dois anos parecia uma missão impossível -- mas, dois meses antes do prazo, a meta foi cumprida. "Temos o quadro de funcionários com o maior índice de motivação do mercado", diz Cypriano. (Outro exemplo da capacidade de mobilização do Bradesco: com alguns telefonemas e e-mails, conseguiu reunir mais de 450 funcionários de seu núcleo de informática em Alphaville para a foto desta reportagem.)

    Para manter a motivação dos funcionários, o Bradesco não economiza em treinamento. Está investindo neste ano 43 milhões de reais em capacitação profissional. Em 2001, cada funcionário participou em média de três cursos. Ao todo, foram mais de 3 milhões de horas de treinamento. Entre os mais graduados, 304 já fizeram cursos de MBA custeados pelo Bradesco. Qual a mensagem do banco para que os funcionários se empenhem nesses cursos? "Todos devem estar preparados para chegar l", diz Matsumoto.

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