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Desvalorização do Real derruba lucro das empresas em 2002

A desvalorização cambial em 2002 teve um impacto desastroso sobre o resultado das empresas de capital aberto, segundo pesquisa da consultoria Economática. No ano passado, 204 empresas não-financeiras listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tiveram seu lucro líquido corroído pelas dívidas em dólar, perderam margem de retorno e amargaram queda nas vendas. […]

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

A desvalorização cambial em 2002 teve um impacto desastroso sobre o resultado das empresas de capital aberto, segundo pesquisa da consultoria Economática. No ano passado, 204 empresas não-financeiras listadas na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) tiveram seu lucro líquido corroído pelas dívidas em dólar, perderam margem de retorno e amargaram queda nas vendas. Pela primeira vez desde o início do Plano Real, as empresas registraram queda na receita. O levantamento não inclui os bancos nem a Petrobrás.

A pesquisa apurou uma redução vertiginosa no lucro líquido. As 204 empresas não-fiananceiras avaliadas registram um lucro líquido de 19 bilhões de reais em 2001. No ano passado o lucro líquido ficou em 1 bilhão de reais. Houve uma queda vertiginosa de 94,73%. É um resultado desprezível quando considerada a receita combinada de 344 bilhões de reais , explica o texto da pesquisa.

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Esse resultado já era esperado desde o final do ano passado, quando o dólar encerrou com alta de 52,3%. As empresas têm grande parte de suas dívidas atreladas ao dólar e o aumento da dívida é lançado como despesa financeira - despesa essa que corroeu o lucro operacional.

A receita das 204 empresas avaliadas pela Economática também é outro ponto de preocupação. Os 344 bilhões de reais representam uma queda de 8,75% em relação ao resultado de 2001, quando a receita ficou em 377 bilhões de reais (em valores atualizados). O estudo da Economática ressalta que, desde o inicio do Plano Real, em nenhum outro ano ocorreu queda nas vendas. Apesar de o lucro líquido ter decepcionado em alguns anos, por conta da variação cambial, a receita sempre seguiu uma tendência ascendente, demonstrando expansão na economia. Após oito anos consecutivos de aumento real nas vendas, ocorreu uma quebra no ciclo de crescimento.

É fato que o índice usado na atualização dos valores, o IGP-DI (Índice Geral de Preços Disponibilidade Interna), teve uma aceleração excepcional em 2002 , explica a pesquisa. Mas mesmo se os valores fossem atualizados por outro índice, como o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), por exemplo, ainda assim 2002 seria o ano de pior crescimento desde o Plano Real.

Os efeitos do câmbio, associados ao aumento dos custos, tiveram efeito nefasto sobre diversos itens do balanço. As dívidas pesaram e muito. Houve alta de 69,6% nas despesas financeiras, que terminaram o ano em 82,5 bilhões - 33,8 bilhões de reais a mais do registrado em 2001. A pesquisa da Economática mostra que os resultados coorporativos foram literalmente corroídos por dentro: a margem líquida média das empresas pesquisadas passou de 5,24% para 0,31%. Os acionistas também perderam: o patrimônio líquido caiu 20%, passou de 316 bilhões em 2001 para 250 bilhões.

A consultoria acredita que em 2003 o cenário mudará. Com a valorização de 5% do real no primeiro trimestre, as empresas devem registrar lucro líquido de 10 bilhões de reais.

A Petrobras não foi considerada na pesquisa por ser uma estatal e ter seus preços regulados pelo mercado internacional. Na avaliação da Economática, a Petrobras não reflete o comportamento do mercado interno e provocaria distorções no resultado final. Com a inclusão dos resultados da Petrobras, a soma do lucro líquido subiria para 9 bilhões, mas a queda do resultado em relação a 2001 continuaria elevada: -71,6%. Veja abaixo o gráfico da variação anual de vendas.

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