Negócios

Citi mundial pede desculpas

Banco está envolvido nos principais escândalos corporativos dos últimos três anos e acaba de ser obrigado a fechar seu private bank no Japão

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

A maior preocupação do presidente mundial do Citigroup, Charles Prince, desde que assumiu o cargo, em outubro de 2003, não é aumentar o número de clientes ou os lucros do banco, mas tirar o maior grupo financeiro do planeta das manchetes dos noticiários. Por enquanto, o esforço não têm dado certo. O Citi está envolvido nos principais escândalos corporativos dos últimos três anos e acaba de ser obrigado a fechar seu private bank no Japão.

O governo japonês acusa o banco de ser pouco transparente e de facilitar lavagem de dinheiro de seus clientes. Não é a primeira vez que essas acusações são feitas. As mesmas suspeitas já haviam sido levantadas em 2001 e o Citi recebeu uma advertência. Naquela época, porém, o grupo começava a se preocupar com escândalos muito maiores. O grupo foi acusado de ajudar a maquiar os balanços financeiros da Enron e da Worldcom, os dois principais casos de fraudes contábeis dos Estados Unidos. Também passou a ser processado na Justiça por ter recomendado a compra de ações dessas empresas pouco antes de ambas pedirem concordata. Um de seus analistas de investimento, Jack Grubman, foi sistematicamente chamado de pior analista do mundo pela mídia americana. Acusações idênticas voltam a ser feitas agora, com a crise da Parmalat. Para completar, o Citi se envolveu numa operação desastrada com títulos da dívida de governos europeus. No começo de agosto deste ano, o banco vendeu 13,5 bilhões de dólares desses títulos em poucos minutos e recomprou os papéis por um preço muito menor uma hora depois. A transação não é ilegal, mas é considerada antiética.

Na maioria dos casos, a posição do Citi é reconhecer os erros, pedir desculpas e anunciar mudanças. "Lamentamos ter realizado essa operação", afirmou Thomas Maheras, diretor do banco para mercados globais, sobre o caso dos bônus europeus, num comunicado que foi enviado aos 40 000 funcionários do Citigroup no mundo. No Japão, seis executivos foram demitidos. "O Citibank se arrepende da conduta que levou às sanções do governo japonês e fará o que for necessário para restaurar a confiança de seus clientes", disse Charles Prince, em nota.

"Não há dúvidas de que a cúpula do banco está comprometida com práticas mais transparentes", diz Guy Moszkowski, analista do banco americano de investimentos Merrill Lynch. A dúvida é saber se os funcionários também estão. Para Moszkowski, o problema do Citi ao longo dos anos tem sido "a busca incansável por lucros". "Essa é a cultura da instituição e ela favorece táticas agressivas de negócios", disse ele, no relatório em que rebaixou a classificação das ações do banco de "compra" para "neutra" logo após a decisão do governo japonês. "É razoável supor que muitas práticas do grupo não sejam apropriadas."

Se a preocupação é com os lucros, anos de escândalos também afetam os resultados do grupo. O Citi quadruplicou, para cerca de 7 bilhões de dólares, suas reservas financeiras para pagar ações judiciais e já concordou em pagar 2,6 bilhões de dólares para encerrar um processo movido por acionistas da Worldcom. Além disso, o fechamento do private bank no Japão deve diminuir o lucro da instituição em cerca de 100 milhões de dólares por ano, segundo o Merrill Lynch. 

Acompanhe tudo sobre:[]

Mais de Negócios

Sentimentos em dados: como a IA pode ajudar a entender e atender clientes?

Como formar líderes orientados ao propósito

Em Nova York, um musical que já faturou R$ 1 bilhão é a chave para retomada da Broadway

Empreendedor produz 2,5 mil garrafas de vinho por ano na cidade

Mais na Exame