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Casas Bahia leva apelo do corte nos juros às camadas populares

Não há apelo mais tradicional no varejo que as prestações sem juros a perder de vista. Mas nesta quarta-feira (23/7), a Casas Bahia, maior rede varejista do país, recorreu pela primeira vez a um outro atrativo para chamar atenção dos clientes: a venda com juro pela metade. Os consumidores neste momento estão perceptivos à questão […]

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Da Redação

Publicado em 14 de outubro de 2010 às 13h16.

Não há apelo mais tradicional no varejo que as prestações sem juros a perder de vista. Mas nesta quarta-feira (23/7), a Casas Bahia, maior rede varejista do país, recorreu pela primeira vez a um outro atrativo para chamar atenção dos clientes: a venda com juro pela metade. Os consumidores neste momento estão perceptivos à questão nos juros , diz Celso Amâncio, diretor de Crédito da empresa. A rede ancora suas vendas no crediário e opera com juros de 6,9% ao mês - mas na quarta de ofertas trabalha com uma taxa de 3,75% para uma lista de produtos.

Não há mágica no negócio. A Casas Bahia tem algumas vantagens que permitem diluir os efeitos das altas taxas e trabalhar com promoções do gênero para tentar aquecer o consumo. A primeira delas está nos móveis de fabricação própria - que representam 35% das vendas e são uma fonte rentável de receita. A segunda e talvez a mais importante - é o crediário próprio, com características particulares para cativar os consumidores de baixa renda, seu cliente preferencial. Amâncio falou sobre a importância do tratamento personalizado na concessão de crédito para as camadas de baixa renda na 5a Conferência Anual de Crédito ao Consumidor, promovida em São Paulo pelo International Business Communications (IBC).

A Casas Bahia tem 8 milhões de clientes no cadastro e 90% de suas vendas são a prazo, preferencialmente para consumidores das classes C, D e E. Pouco mais da metade deles não têm emprego formal, nem podem comprovar renda. Mas atenção: 77% das compras são feitas por clientes cativos, gente que já fez muitos carnês e pretende voltar. O tratamento personalizado é fundamental na venda a prazo, principalmente para as classes D e E , diz. O cliente sai da loja sentindo que fez um ótimo negócio e fica comprometido com o pagamento da dívida.

A política do bom relacionamento não depende apenas de um vendedor atencioso. O analista de crédito também tem papel definitivo. Entre os 25 000 funcionários da rede, 900 avaliam a concessão de crédito. Em média há três por loja, treinados para bater papo - e não inquirir. Se um pedreiro vai comprar um computador, pode estar adquirindo para terceiros - e temos uma venda arriscada -, mas também pode estar comprando para o filho e ficará orgulhoso de nos contar , diz Amâncio.

Na sua avaliação, há algumas lendas em relação ao crédito para o cliente de baixa renda que não procedem. Dizer que pobre sempre paga não é uma verdade , diz ele. Tanto que o nível de inadimplência na rede fica em 8,5%. Mas tem muita gente humilde honesta que atrasa pagamento, por isso nossa política é nunca cobrar: nós lembramos que ele esqueceu de pagar. Lembram por telefone, por carta e em último caso, com uma visita à casa do cliente. O lembrador oferece facilidades para o pagamento. Novos parcelamentos. Negocia-se tudo. Caso a pendência já dure dois anos, cobra-se a metade. De acordo com Amâncio, a rede já deu até perdão total para alguns clientes. A regra é não intimidar as pessoas. Sabemos que a inadimplência é pesada, mas tratável, porque lidamos com gente.

Segundo Amâncio, o que mais importa é manter a fama da Casas Bahia como empresa capaz de oferecer crédito diferenciado: Queremos que o cliente volte sempre. Os riscos parecem altos? Podem até ser, mas o jeito de lidar com o público aparece como resultado positivo nos balanços. Neste ano a empresa projeta um faturamento de 5 bilhões de reais um crescimento de 19% em relação ao ano passado, quando o faturamento cresceu outros 16% sobre 2001 e superou em 200 milhões as projeções iniciais.

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