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Brasil quer atingir US$ 960 milhões em exportações de rochas até 2006

Os empresários do setor apostam nas rochas processadas para aumentar o valor agregado das transações internacionais

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h40.

Entre 1999 e 2003, as exportações brasileiras de rochas ornamentais cresceram 103%, de 210,49 milhões de dólares para 429,34 milhões. A evolução foi sustentada pela parceria entre a Associação Brasileira da Indústria de Rochas Ornamentais (Abirochas) e a Agência de Promoção de Exportações (Apex). Nesse período, foram investidos 14,57 milhões de dólares na divulgação dos produtos no exterior, bancados meio a meio entre a indústria e o governo. Agora, o setor quer elevar as exportações para 960 milhões até 2006. Para isso, trabalha para renovar a parceria com a Apex.

Dessa vez, os exportadores de rochas ornamentais contarão com 35 milhões de dólares, rateados entre a Apex e o setor, para promover os produtos em outros países. Para atingir a meta, a Abirochas e o governo incentivarão duas estratégias. A primeira é aumentar o número de exportadores. A segunda é elevar o valor agregado do material embarcado.

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Em 1999, quando o primeiro convênio com a Apex foi firmado, a Abirochas contabilizava 433 empresas exportadoras no setor, para um universo de 11 500 produtores de mármores, granitos e outros tipos de pedras. No ano passado, o total já estava em 877, embora o número geral de empresas do setor tenha se mantido estável. A intenção é ver, em 2006, mais de 1 000 empresas exportando.

Há muito trabalho pela frente, segundo o presidente da Abirochas, Sérgio Azeredo, porque a quantidade de exportadores baseia-se em dados questionáveis. Segundo Azeredo, basta que o empresário tenha exportado uma única vez, para que passe a contar como exportador nas estatísticas. Por isso, não basta apenas expandir o número de empresas com transações no exterior. É preciso também aumentar a freqüência dos negócios de cada exportador. "Hoje, os 30 maiores exportadores respondem por 80% do comércio brasileiro", afirma o presidente da Abirochas.

Produto manufaturado

A outra estratégia é estimular a venda de produtos mais sofisticados. Quando o primeiro convênio com a Apex entrou em vigor, as rochas processadas (semimanufaturadas e manufaturadas) representavam 43,9% das exportações. Neste ano, a porcentagem deve bater em 78%, contra 70,1% em 2003. A venda de rochas não trabalhadas (os chamados blocos) representa, cada vez mais, um negócio em declínio.

Esse investimento na melhoria dos produtos já está ajudando a incrementar os resultados. Conforme Azeredo, desde que as rochas processadas passaram a ser priorizadas pelas empresas, as exportações crescem à taxa anual de 25%. Neste ano, o setor espera exportar 540 milhões de dólares. Em 2005, a cifra deve subir para 720 milhões.

Para se ter uma idéia da escala de valores, Azeredo cita que, se o bloco bruto de mármore ou granito rendesse 1 real para o exportador, a chapa polida renderia 3 reais e o produto acabado (um tampo de mesa, por exemplo) poderia atingir 10 reais. "Em média, o metro quadrado de uma chapa de granito polida é exportada por 50 a 60 dólares", diz.

Dois lados

No ano passado, o Brasil desbancou a Itália e assumiu o posto de maior exportador de granitos para os Estados Unidos. Cerca de 35% do granito consumido pelos americanos, agora, é proveniente do Brasil. Segundo a Abirochas, a primeira vantagem do país é sua geodiversidade. O país possui 234 tipos de granitos catalogados e deve homologar, no próximo ano, mais 270. Para se ter uma idéia, a Índia, segundo país em variedade de granitos, tem 200 tipos catalogados.

Outra vantagem que o Brasil levou no ano passado foi a valorização do euro, que atrapalhou os concorrentes, sobretudo italianos e espanhóis, na disputa pelo mercado americano. A disparidade é tão grande que empresas desses países já estão implantando subsidiárias no Brasil para tirar proveito da vantagem cambial e reconquistar espaço nos Estados Unidos. "Nos últimos dois anos, cinco empresas de porte vieram da Europa para c", diz Azeredo.

Se o euro forte ajuda os brasileiros a vender pedras ornamentais no exterior, os importadores de mármores que atuam por aqui sentiram o efeito contrário: estão, cada vez mais, investindo em ganhos de produtividade para se manter no mercado. Esse é o caso da Tamboré, empresa especializada na importação de mármores da Europa. A empresa chegou a importar 120 contêneires por ano quando o câmbio era favorável. Agora, com o euro valendo mais, as importações caíram para 35 a 40 contêineres por ano.

"Estamos investindo no aumento de nossa produtividade", afirma o diretor da Tamboré, Benedito Mioni. Enquanto a média de perdas das empresas do setor é de 20%, a Tamboré conseguiu uma taxa de 15%. A empresa também aposta na prestação de serviços diferenciados aos clientes. Um exemplo foi a compra de uma máquina de corte a jato d água, que garante mais precisão no trabalho.

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