O Grupo Pão de Açúcar venceu a disputa pela compra da rede Ponto Frio, desembolsando 824,5 milhões de reais por 70,24% das ações da segunda maior rede de eletrodomésticos do país. A operação traz a liderança no setor de varejo de volta ao Pão de Açúcar, porém, as perspectivas dos analistas não são tão otimistas.

A Link Investimentos, por exemplo, acredita que o aumento da participação no mercado de eletrônicos não deve ser positiva, já que o setor apresenta margens menores que o de alimentos e foi fortemente atingido pela disponibilidade de crédito.

"A redução do IPI nos produtos de linha branca aumentou as vendas desses itens, porém vemos isso como uma antecipação das compras e não como um estímulo", analisou a equipe, que manteve recomendação neutra aos papéis da companhia.

A Socopa, por sua vez, vê a compra como positiva para a estratégia de expansão de longo prazo do Pão de Açúcar, mas reforçou que há implicações negativas no curto prazo. Com a menor participação do setor de alimentos, as ações do grupo devem mudar de foco e não ser mais consideradas opções defensivas, já que o segmento de eletrodomésticos traz maior volatilidade.

Além disso, a equipe destacou os riscos do processo de unificação das operações e sinergias, que podem levar mais tempo que os 10 a 18 meses previstos pela própria companhia, afetando sua lucratividade nos próximos trimestres.

A administração do Pão de Açúcar afirmou que espera obter ganhos de 500 milhões de reais em sinergias, além de estimar benefícios fiscais provenientes do ágio da aquisição em cerca de 100 milhões de reais.

Nesta sessão, as ações do grupo (PCAR4) caíam 1,82% às 16h17, negociadas a 35,95 reais. Ao mesmo tempo, o Ibovespa, principal índice de referência da bolsa brasileira, tinha alta de 0,28%.