Kiev - A Ucrânia enviou nesta sexta-feira uma nota de protesto à Rússia pela violação de seu espaço aéreo e também pela mobilização de tropas e blindados por parte da Frota Russa do Mar Negro na península da Crimeia.

Segundo a nota, os serviços de guarda fronteiras ucranianos observaram hoje vários helicópteros de combate cruzando a fronteira em direção a um dos aeroportos da Crimeia, palco de tensões entre a maioria de origem russa e as autoridades de Kiev.

A parte russa unicamente tinha pedido autorização para que três helicópteros cruzassem a fronteira na altura do estreito de Kerch, que separa os países, informam meios de comunicação locais.

O voo dos helicópteros, que seria uma violação do acordo bilateral sobre o estatuto da base naval russa no porto ucraniano de Sebastopol de maio de 1997, foi gravado em vídeo, segundo a imprensa.

Por sua vez, a Ucrânia denuncia que dez blindados da Frota Russa do Mar Negro abandonaram seus quartéis para dirigir-se à capital da Crimeia, Simferopol.

"A Ucrânia não se dirigiu à Rússia com nenhum tipo de proposta ou pedido sobre o uso de unidades militares da Frota Russa do Mar Negro provisoriamente enviadas ao território da Ucrânia para garantir a ordem pública ou adotar medidas antiterroristas e outras medidas de força", afirma o comunicado.

Por isso, acrescenta, "a chancelaria ucraniana insiste em sua reivindicação sobre o imediato retorno das tropas e equipes militares e de combate da Frota Russa do Mar Negro a seus lugares de origem".

Previamente, a Rússia entregou hoje à Ucrânia uma nota informativa sobre as mobilizações de carros blindados pertencentes à Frota do Mar Negro que tem sua base em Sebastopol graças a um tratado bilateral que expira em 2042.

Segundo a nota, a mobilização responderia à "necessidade de garantir a segurança dos locais de desdobramento da Frota do Mar Negro na Ucrânia, o que transcorre em estrita consonância com o acordo marco russo-ucraniano".

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Além disso, o novo representante do governo de união nacional na Crimeia, Sergei Kunitsin, denunciou hoje que 13 aviões russos de transporte Il-76 com paraquedistas tinham aterrissado no aeroporto de Simferopol, capital da Crimeia.

"Há 150 (paraquedistas) em cada um. Façam a conta", disse ao canal de televisão "ATR".

A tensão voltou a disparar-se na Crimeia quando o ministro do Interior da Ucrânia, Arsen Avakov, denunciou o bloqueio por militares russos dos aeroportos de Simferopol e Sebastopol, o que foi negado pela Frota Russa.

"Dentro do aeroporto (de Sebastopol) há militares e guardas de fronteiras da Ucrânia. Mas fora, militares com uniforme de camuflagem e armados, sem distintivos, mas que não ocultam sua pertinência" (à Frota do Mar Negro), escreveu Avakov em sua página no Facebook.

Enquanto isso, em Simferopol, "119 militares com armas automáticas, uniforme de camuflagem e sem distintivos, chegaram ao aeroporto em vários caminhões, entraram no edifício e ocuparam o restaurante", denunciou.

"É uma aberta provocação para suscitar um conflito armado e verter sangue. Já não é competência do Ministério do Interior. Quem deve ocupar-se é o Conselho de Segurança Nacional e Defesa. Enquanto não haja choques armados, devem falar os diplomatas", concluiu.

Grupos armados similares tomaram ontem as sedes do Parlamento e o governo da autonomia, que foi cedida à república soviética da Ucrânia em 1954 pelo então líder soviético de origem ucraniano, Nikita Kruschev.