A partir de agora, Tayyip Erdogan, presidente da Turquia, nomeará diretamente os reitores das universidades no país (foto/Reuters)
Reuters
Publicado em 30 de outubro de 2016 às 14h26.
Istambul - Autoridades turcas demitiram mais de 10 mil funcionários públicos por suspeita de ligações com o clérigo baseado nos Estados Unidos Fethullah Gulen, acusado por Ancara de orquestrar a fracassada tentativa de golpe em julho.
Milhares de acadêmicos, professores e trabalhadores do setor de saúde estão entre os removidos dos cargos por meio de um novo decreto de estado de emergência publicado no Diário Oficial do país no fim de sábado.
Também foram fechados cerca de 15 veículos de comunicação, quase todos baseados no sudeste do país, região amplamente curda.
Por meio dos decretos, eleições para escolher reitores para universidades também foram abolidas. O presidente da Turquia, Tayyip Erdogan, nomeará diretamente os reitores a partir dos candidatos indicados pelo Conselho Superior de Educação.
A Turquia prendeu oficialmente mais de 37 mil pessoas e já demitiu ou suspendeu os serviços de 100.000 funcionários públicos, juízes, promotores, policiais e outros em uma repressão sem precedentes que o governo afirma ser necessária para desalojar todos os apoiadores de Gulen do aparato do estado e posições chave.
O estado de emergência imposto logo após o fracasso da sangrenta tentativa de golpe em julho foi prolongado por outros três meses, até janeiro, depois de Erdogan afirmar que as autoridades precisam de mais tempo para erradicar a ameaça imposta pela rede de Gulen, assim como combatentes curdos que promovem uma insurgência há 32 anos.
O alcance das medidas duras tem preocupado grupos de defesa de direitos e alguns aliados ocidentais, que temem que Erdogan esteja se utilizando delas para reprimir dissidências. O governo afirma que as medidas são justificadas pela ameaça ao estado em 15 de julho, quando mais de 240 pessoas morreram.