Bombardeios: a aviação também teve como alvo áreas do sul e do sudoeste de Aleppo (Rodi Said/Reuters)
Da Redação
Publicado em 17 de agosto de 2016 às 10h29.
Cairo - Pelo menos 33 civis e 19 rebeldes morreram em bombardeios aéreos e após o impacto de projéteis na terça-feira na cidade de Aleppo, no norte da Síria, dentro dos combates entre as facções opositoras e o regime, de acordo com a última apuração do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) divulgada nesta quarta-feira.
A maioria dos civis, 24 no total, morreu nos distritos de Al Sajur e Tariq Al Bab, no leste da cidade , que são controlados pela oposição armada, onde dezenas de pessoas também ficaram feridas.
O OSDH não pôde detalhar se os aviões responsáveis por esses ataques pertenciam ao exército da Síria ou da Rússia, aliado do regime de Damasco.
Outros nove civis - entre eles seis integrantes de uma mesma família - morreram nos bairros de Saladino e Al Forqan, localizados no setor oeste de Aleppo, que é controlado pelas autoridades do regime sírio, onde caíram projéteis disparados pelos insurgentes.
Além disso, dezenove combatentes de facções rebeldes islâmicas morreram em ataques aéreos lançados por aviões de guerra da Rússia.
Esses bombardeios aconteceram no corredor aberto pelos rebeldes que liga a zona das academias militares com os bairros do leste de Aleppo, na região de Al Ramusa.
Os bombardeios prosseguiram hoje nos distritos opositores de Al Halak, Al Sajur, Al Sheikh Saad e Al Ramusa, no leste de Aleppo.
Por outro lado, os insurgentes voltaram a lançar projéteis contra as áreas de Nova Aleppo e Saif al Dawla, que são controladas pelo governo sírio, o que causou ferimentos em vários civis.
A aviação também teve como alvo áreas do sul e do sudoeste de Aleppo, onde continuam os enfrentamentos entre as tropas sírias e a oposição armada.
Entre os grupos rebeldes que tomam parte nesses enfrentamentos estão a Frente da Conquista do Levante (antiga Frente al Nusra, braço sírio da Al Qaeda) e o Partido Islâmico do Turquestão.
As tropas sírias, por sua vez, lutam com apoio de milicianos sírios, e de nacionalidades árabes e asiáticas.
A cidade de Aleppo vem sendo disputada pelas forças sírias e os rebeldes desde 2012, quando os insurgentes conquistaram amplas áreas da cidade, a segunda mais importante da Síria e uma das mais castigadas pelo conflito que começou em março de 2011.
Hoje, as principais frentes de batalha se situam na periferia da região industrial de Al Ramusa e nos arredores dos bairros de Al Zahra, Al Yaberiya e Al Suleimaniya, no norte, onde se encontram as vias por onde passam as provisões da oposição e do regime, respectivamente.
A violência e as tentativas de sitiar zonas rivais estão agravando a situação humanitária, conforme denunciaram as Nações Unidas e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) nos últimos dias.
Ontem, a Comissão da ONU que investiga os crimes cometidos em mais de cinco anos de guerra civil na Síria afirmou que aproximadamente 100 mil crianças que se encontram nas áreas controladas pelos opositores no leste de Aleppo podem se transformar em vítimas da estratégia utilizada no passado pelo regime de "renda-se ou morra".
O presidente do CICV, Peter Maurer, denunciou há dois dias que Aleppo é palco de "um dos conflitos urbanos mais devastadores dos tempos modernos", e pediu aos grupos rivais que permitam o acesso de ajuda humanitária a todas as partes da cidade.