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Rússia cancela projeto bilionário da Shell e causa protestos

União Européia e Japão criticam decisão do governo russo de revogar licença ambiental para construção de um complexo de gás

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2010 às 18h39.

Em mais uma jogada para aumentar a influência do governo sobre o setor de petróleo e gás, a Rússia cancelou a licença ambiental da Shell para construção de um complexo que produziria Líquido de Gás Natural (LGN) na ilha de Sakhalin. O projeto, chamado de Sakhalin II, está orçado em 20 bilhões de dólares.

Segundo o americano The Wall Street Journal, o ministro russo dos Recursos Naturais justificou a revogação da licença com o argumento de que a Shell desrespeitou alguns termos do acordo assinado há mais de um ano. A companhia nega qualquer irregularidade.

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A decisão gerou protestos da União Européia e do Japão. A Comissão Européia - órgão executivo do bloco econômico - afirmou que a decisão russa é "muito séria" e pediu para que o país assegure um clima favorável e previsível aos investimentos estrangeiros. O governo britânico declarou-se "profundamente preocupado" com a medida. Já Shinzo Abe, apontado como o sucessor do primeiro-ministro japonês Junichiro Koizumi, disse que um atraso maior no cronograma de implantação do projeto de Sakhalin pode abalar as relações diplomáticas entre os dois países. Previsto para entrar em operação em meados de 2008, a planta de Sakhalin II teria 60% de sua produção de LGN destinada ao Japão.

Segundo analistas, a medida é mais um sinal do interesse do Kremlin em controlar as empresas de gás natural e petróleo que atuam no país. Ao cancelar a licença ambiental, o governo russo estaria, também, forçando o consórcio liderado pela Shell a renegociar o contrato de Sakhalin, a fim de se tornar parceiro. Atualmente, a Shell detém 55% do projeto, enquanto as japonesas Mitsui e Mitsubishi possuem, em conjunto, 45%.

A eventual entrada do país no consórcio aconteceria por meio da estatal OAO Gazprom. Uma aproximação entre as partes foi ensaiada há um ano, mas as negociações não avançaram, após a Shell informar que, após uma revisão do projeto, seus custos de implantação poderiam dobrar. A principal proposta para a entrada da Gazprom no consórcio é a troca da participação de 50% que a estatal russa detém no capital da Siberian Zapolyarnoye por 25% do capital de Sakhalin II.

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