Mundo

Nova capital do Egito emerge no deserto, com obelisco gigante e oásis

Cidade, ainda sem nome, deverá ser inaugurada até o final do ano; áreas verdes são criadas com rios artificiais em bairros residenciais

Nova capital do Egito no deserto: inauguração deve acontecer até o final do ano (Getty Images/Getty Images)

Nova capital do Egito no deserto: inauguração deve acontecer até o final do ano (Getty Images/Getty Images)

CA

Carla Aranha

Publicado em 13 de julho de 2021 às 17h50.

Última atualização em 14 de julho de 2021 às 11h05.

No Egito, as obras não param desde 2015 em um uma área desértica do tamanho de Singapura, de mais de 700 quilômetros quadrados, perto das pirâmides de Gizé. Em 2015, o país anunciou que uma nova capital seria criada para substituir o Cairo no local. Com 22 milhões de habitantes, a cidade tem convivido com problemas que vão de falhas no abastecimento de água, carências no transporte público, quedas de energia e um trânsito caótico.

Até 2050, a população do Cairo deve dobrar de tamanho, o que coloca ainda mais pressão sobre o histórico complexo urbano. Ao mesmo tempo, a nova capital, ainda sem nome, começa a se transformar em um oásis de prosperidade conforme as obras avançam: já foram construídos rios artificiais e toda a infraestrutura elétrica, além de casas, prédios e centros de lazer.

Após anos de trabalhos incessantes, também começam a sair do papel uma série de bairros que vão abrigar um centro administrativo, um complexo de embaixadas, prédios do governo e áreas residenciais rodeadas por plantas e canais de água. A nova capital deve ser inaugurada até o final do ano.

A cidade, onde deverão morar 6,5 milhões de pessoas, terá um dos maiores obeliscos do mundo, com mais de 1.000 de metros de altura, além de 1.250 igrejas e mesquitas, 2.000 centros educacionais, 600 hospitais e clínicas e uma grande área verde. O complexo urbano deverá ser abastecido por energia solar e outras fontes renováveis. Também faz parte do planos inaugurar um novo aeroporto internacional, ligado por trem ao Cairo.

O projeto, no entanto, não está livre de críticas. Pelo contrário. Enquanto muitos acreditam que o Cairo tornou-se uma cidade inviável e alguns moradores já procuram alternativas próximas à capital, especialisas em urbanismo e economistas levantam uma importante discussão. Um dos pontos principais do debate é o preço das moradias e o custo de vida na nova capital, que deverá ser mais alto do que no Cairo. Com isso, apenas a população mais favorecida teria condições de fazer as malas e se mudar.

Os gastos relativos à obra também têm despertado acaloradas argumentações. O custo total deverá chegar a pelo menos 40 bilhões de dólares, sendo que a empresa que está capitaneando a construção tem entre seus principais acionistas um militar e membros do governo. O presidente do país, Abdel Fattah El-Sisi, é um general que chegou ao poder através de um golpe de Estado em 2013. No ano seguinte, foram convocadas eleições, vencidas por El-Sisi. Em 2018, ele se reelegeu, em meio a acusações de fraude.

Do ponto de vista econômico, a construção da nova capital deve gerar empregos e contribuir para o crescimento do país. O PIB cresceu 3,4% em 2020, em grande parte devido a reformas estruturantes iniciadas em 2016 e a um agressivo pacote de socorro par aliviar os efeitos da pandemia. Este ano, a expectativa é de uma expansão de 3% do PIB. A retomada econômica na Europa, que responde por 36% das exportações do Egito, é aguardada com ansiedade. Os investimentos em infraestrutura, em que a principal estrela é a nova capital, também têm gerado importantes dividendos.

Assine a EXAME e acesse as notícias mais importantes em tempo real.

 

Acompanhe tudo sobre:CairoCidadesEgitoInfraestruturaPIB

Mais de Mundo

Trump critica democratas durante encontro com Netanyahu na Flórida

Milei diz que a Argentina apoia o povo venezuelano em sua 'luta pela liberdade'

Venezuela fecha fronteiras terrestres e barra entrada de avião com ex-presidentes do Panamá e México

Por que Kamala Harris é 'brat' — e como memes podem atrair o voto dos jovens e da geração Z

Mais na Exame