Mundo

Greenpeace completa 40 anos com aulas de desobediência civil

Militantes aprendem a se acorrentarem para não serem presos e a montarem barreiras humanas

Protesto do Greenpeace contra energia nuclear: entidade faz um festival para comemorar os 40 anos (Jonathan Nackstrand/AFP)

Protesto do Greenpeace contra energia nuclear: entidade faz um festival para comemorar os 40 anos (Jonathan Nackstrand/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de setembro de 2011 às 16h58.

Vancouver - O Greenpeace deu lições de desobediência civil a potenciais militantes neste fim de semana para comemorar o 40º aniversário da organização ambientalista em Vancouver: os jovens aprenderam desde como se acorrentar para não serem presos até a fazer barreiras humanas.

"Não podem sempre esperar que outra pessoa venha salvar o mundo", disse a instrutora Jessie Schwarz aos participantes.

As aulas de desobediência civil foram organizadas no festival da organização ecologista em Vancouver, local onde o Greenpeace nasceu há 40 anos.

Em 15 de setembro de 1971, o barco Greenpeace deixou Vancouver para protestar contra os testes nucleares americanos na ilha Amchitka, no Alasca. Apesar de o barco ter sido bloqueado pela guarda costeira americana, a campanha contribuiu para pôr fim aos testes em 1972 e marcou o primeiro ato de desobediência civil do Greenpeace.

Mais recentemente, contou Schwarz, os militantes se acorrentaram a vários caminhões nas areias betuminosas da província de Alberta, no Canadá, colocaram uma bandeira gigante na qual se lia "a inação em relação ao clima custa vidas" sobre o teto do Parlamento canadense e colaram etiquetas com a palavra "contaminado" nos alimentos geneticamente modificados em lojas do mundo inteiro.

Quando se lança uma ação, devemos ser claros sobre suas intenções, explicou Schwarz antes de perguntar aos participantes até onde seriam capazes de chegar.

A maioria está disposta a bloquear uma estrada para impedir os funcionários de trabalhar em empreendimentos que prejudicam o meio ambiente. A metade deles se sente pronta para se manifestar na propriedade particular de um diretor executivo, mas são poucos os que aceitam a ideia de jogar açúcar em um tanque de gasolina e apenas um aceitou a possibilidade de lançar uma granada contra policiais.

É difícil definir a não violência, explicou Schwarz, mas o Greenpeace está proibido de "machucar outro ser vivo". Segundo ela, a violência é contraproducente.

Durante os três dias de oficinas, Jessie Schwarz ensinou os participantes como acorrentar os braços e pernas para evitar uma prisão e lhes aconselhou que se colocarem uma corrente no pescoço devem esconder bem as chaves em sua roupa íntima.

Foi unicamente graças à desobediência civil que a maioria dos governos levou em conta o tema ambiental, afirmou à AFP Tzeporah Berman, uma das responsáveis pelas campanhas para o clima e a energia do Greenpeace internacional.

O Greenpeace, que nasceu da confrontação, reúne-se com empresários e chefes de Estado, mas na opinião de Berman "sem o conflito não haveria (a mesma) colaboração".

"Lutamos pelo futuro de nossos filhos e de nossas crianças", disse aos participantes do festival o diretor internacional do Greenpeace, Kumi Naidoo, na sede da organização em Amsterdã.

Acompanhe tudo sobre:GreenpeaceONGsPolítica no BrasilProtestos

Mais de Mundo

Venezuela restabelece eletricidade após apagão de 12 horas

Eleições nos EUA: o que dizem eleitores da Carolina do Norte

Japão registra 40 mil pessoas mortas sozinhas em casa — 10% delas descobertas um mês após a morte

Zelensky destitui chefe da Força Aérea ucraniana após queda de caça F-16

Mais na Exame