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Governo da Colômbia e ELN se reúnem em Caracas para destravar processo de paz

O diálogo passa por um momento de alta fragilidade em meio a denúncias da guerrilha ELN contra a "dupla política de paz" do governo

Presidente da Colômbia, Gustavo Petro (Agence France-Presse/AFP)

Presidente da Colômbia, Gustavo Petro (Agence France-Presse/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 12 de abril de 2024 às 07h25.

Rodada de negociações? O governo da Colômbia diz sim. O Exército de Libertação Nacional (ELN), não. As partes chegaram a Caracas para uma "reunião extraordinária" que busca destravar um "congelamento" do processo de paz.

O diálogo, que começou em novembro de 2022, passa por um momento de alta fragilidade em meio a denúncias da guerrilha ELN contra a "dupla política de paz" do governo.

Ao chegar à capital venezuelana, sede da sétima rodada de negociações, a última guerrilha ativa da Colômbia foi enfática: "O ciclo de conversas previsto para este mês de abril foi suspenso", segundo um comunicado publicado nesta quinta-feira, 11.

Os representantes do ELN chegaram "para participar de uma reunião extraordinária com os delegados do governo nacional, com o propósito de ouvi-los e esclarecer o que vem a seguir".

A representação do presidente Gustavo Petro fala, por sua vez, de "uma nova rodada de diálogos". É "imperativo concentrar os trabalhos" para "avançar no processo de paz".

"Deslealdade"

No último ciclo, em fevereiro em Havana, as partes concordaram em prorrogar por seis meses o cessar-fogo bilateral e marcaram um encontro para continuar o processo em Caracas.

Desde então, turbulência: o ELN quebrou a trégua com "paralisações armadas", nas quais os rebeldes ordenam que milhares de pessoas se recolham em suas casas, ou realizam o sequestro do pai do jogador do Liverpool Luis Díaz. Também há confrontos entre diferentes grupos irregulares.

Essa última investida violenta foi qualificada pelo governo de Petro como uma "deslealdade". E então o ELN anunciou a suspensão do processo, em protesto contra um processo de "diálogos regionais" anunciados no departamento de Nariño (sudoeste) pelas autoridades locais.

A guerrilha, em armas desde 1964, lembrou no comunicado desta quinta-feira que na reunião em Havana sua representação advertiu que "a persistência governamental em realizar uma operação de desmobilização em Nariño [...] colocava esta mesa de diálogo de paz em pausa".

"Dialogar para avançar"

Na terça-feira, após uma reunião com Petro em Caracas no palácio presidencial de Miraflores, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ratificou a "disposição" de seu país em apoiar as negociações.
"A Venezuela sempre estará pronta, disposta e à disposição de você e de vocês para ajudar [...] a construir a paz da Colômbia, porque a paz da Colômbia é a paz da Venezuela", comentou.

Em uma declaração conjunta, os líderes reafirmaram ao mesmo tempo "o compromisso mútuo de apoio à paz" e "especialmente o papel da Venezuela como garantidora dos processos de diálogo".

"A Venezuela nos proporcionou um espaço para dialogar e avançar na agenda acordada", reiterou o comunicado da delegação do governo. "A comunidade internacional está aqui, atenta, disposta a contribuir como sempre esteve".

"É hora de concentrar as discussões da mesa", insistiu, pedindo também para "atender à grave situação" em vários setores do país, assolados pela violência.

O ELN tem um contingente de cerca de 5.800 combatentes e uma ampla rede de colaboradores, segundo inteligência militar. Embora tenha um comando central, seus frentes são autônomos no campo militar, o que, segundo especialistas, dificulta as negociações.

Petro, o primeiro presidente de esquerda do país, aposta em uma saída final dialogada para seis décadas de conflito armado e violência, após o histórico acordo de paz de 2016 que desarmou a maior parte das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

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