Derrotada e fragilizada, Theresa May desiste de votação do Brexit
Votação seria nesta terça e pode ser remarcada, informaram veículos britânicos. Movimento é visto como admissão de que acordo seria derrotado
Gabriela Ruic
Publicado em 10 de dezembro de 2018 às 11h33.
Última atualização em 10 de dezembro de 2018 às 13h46.
São Paulo – A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May , desistiu de levar adiante a votação final do acordo do Brexit acertado com a União Europeia em meados de novembro e que deveria acontecer nesta terça-feira, 11 de dezembro, na Câmara dos Comuns. A informação foi divulgada pelos jornais britânicos The Guardian, The Telegraph e a rede BBC.
A decisão foi anunciada pela primeira-ministra no início desta tarde em Londres (horário local) aos membros do Parlamento e seus desdobramentos, como uma possível eleição geral, um novo referendo sobre o Brexit ou até mesmo a renúncia de May, estão entre as possibilidades no horizonte do Reino Unido daqui em diante.
O clima, agora, é de incerteza, com parlamentares dizendo que a primeira-ministra não teria o poder de postergar a votação sem o aval do Parlamento. E há quem diga que votaria contra essa desistência, se a mesma fosse votada, algo que deixaria a situação de May ainda mais tensa, já que a derrota do documento do Brexit apresentado por ela é vista como quase certa.
O movimento de May foi visto no país como uma admissão de que nem a primeira-ministra acreditava que o documento acordado com Bruxelas poderia ser aprovado. Desde que a primeira-ministra apresentou o acordo ao seu gabinete e ao Parlamento, enfrenta críticas por todos os lados, entre aliados e opositores.
De acordo com o The Guardian, é possível que a votação seja transferida para a próxima semana ou para o início de janeiro de 2019. A data limite para tanto é 21 de janeiro e a data limite para que o processo de saída da União Europeia seja concluído é 29 de março.
A reviravolta na votação, que era dada como certa nas primeiras horas da manhã desta segunda, aconteceu depois de o Tribunal Europeu de Justiça ter julgado que o Reino Unido poderia desistir do divórcio com o bloco se desejasse e sem que fosse necessária a anuência dos demais países. “O Reino Unido é livre para revogar unilateralmente o aviso de sua intenção de se retirar da UE”, determinou a decisão.
Do lado da União Europeia , a estratégia é de pressão contra o Reino Unido. O bloco vem se pronunciando publicamente sobre o teor do documento desde que o mesmo chegou à Londres. Nesta segunda-feira, a porta-voz da Comissão Europeia, Mina Andreeva, voltou a enfatizar que o acordo que está na mesa “é o melhor e o único possível” e reafirmou a posição europeia de não abertura para novas negociações.
A situação se deteriorou semana passada, após uma tentativa do governo de não tornar público o conteúdo de um parecer jurídico do advogado-geral, Geofrrey Cox, e que mostrou que o acordo trazido por May deixaria o Reino Unido preso ao bloco por anos a fio. A demora na publicação fez com que seu governo fosse acusado de “desacato” pelo Parlamento, uma decisão sem precedentes que tornou o processo ainda mais desgastante para a primeira-ministra.