Cidades precisam de US$ 375 bi para enfrentar desafio climático
Se todas as cidades com mais de 100 mil pessoas se mobilizassem, seria possível atingir 40% da redução de emissão necessária até 2100, indica relatório
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(Drew Angerer/Getty Images)
Publicado em 2 de dezembro de 2016 às, 15h29.
Última atualização em 2 de dezembro de 2016 às, 15h37.
São Paulo - Principais alvos dos efeitos devastadores das mudanças climáticas, as cidades precisam de US$ 375 bilhões em investimento em infraestrutura de baixo carbono nos próximos quatros anos para enfrentar o desafio do clima.
O dado é de um novo relatório publicado nesta semana pelo grupo C40, o Grupo de Cidades Líderes pelo Clima, que reúne megacidades como Nova York, Londres, Tóquio, São Paulo e Rio de Janeiro.
As cidades concentram mais da metade da população mundial, a maioria das atividades econômicas e consomem 70% da energia gerada no mundo. Quem melhor do que elas para identificar e solucionar o maior desafio de nosso tempo?
Se todas as cidades com populações de 100.000 pessoas ou mais se mobilizassem, o mundo conseguiria atingir 40% das reduções de emissões de gases efeito estufa necessárias até 2100 para evitar mudanças climáticas catastróficas.
O relatório "Deadline 2020: Como as cidades farão o trabalho" foi lançado durante a Cúpula dos Prefeitos do C40, que termina nesta sexta (02), na Cidade do México.
Para alcançar este objetivo, serão necessários cerca de US$ 375 bilhões em investimentos em infraestrutura sustentável, capaz de transformar e melhorar economias inteiras, com criação de emprego, mais saúde pública e qualidade de vida.
O relatório estabelece um roteiro para que as cidades do C40 adotem ações climáticas nos próximos quatro anos em áreas como transporte, eficiência, produção de energia e gestão de resíduos.
Cerca de 11.000 ações já estão em andamento, segundo o relatório e, dentro de quatro anos, 14.000 ações adicionais estarão em curso, desde o planejamento e etapas-piloto a iniciativas completas e transformadoras em toda a cidade.
Segundo o estudo, é importante focar em projetos e ações de redução de emissões nos setores de transporte e construção, que são responsáveis pelas maiores pegadas ecológicas nos centros urbanos. Garantir avanços em escala aqui será essencial para alcançar a meta do C40 de zerar as emissões desses setores até 2050.
O planejamento urbano inteligente pode fazer a diferença, com o desenvolvimento de cidades compactas, conectadas e coordenadas, que permitam economias significativas em emissões.
Para acelerar esse trabalho e compartilhar experiências bem sucedidas, as parcerias e a colaboração dentro das cidades serão fundamentais. Mas elas também devem trabalhar para além das fronteiras administrativas, colaborando com atores regionais e nacionais.
"Para o mundo atingir os objetivos do Acordo de Paris, as cidades e seus prefeitos devem liderar o caminho, e já o fazem porque compreendem os principais benefícios econômicos e de saúde pública de lutar contra as mudanças climáticas", disse Michael Bloomberg, Presidente do Conselho do C40 e Enviado da ONU para Cidades e Mudanças Climáticas.
Durante a Cúpula do C40, realizada nesta semana, ele anunciou um compromisso conjunto de 40 milhões de dólares ao longo de quatro anos da Bloomberg Philanthropies, da Children's Investment Fund Foundation e Realdania para financiar parte do trabalho nas cidades até 2020.
Quatro novas cidades também se tornaram membros da organização: Dakar, Kuala Lumpur, Medellín e Montreal, que representam quatro continentes diferentes e oficialmente elevam a 90 o número de cidades do C40.