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Vale supera a Petrobras como a maior do país

Valor de mercado da mineradora ultrapassa o da estatal

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

A Companhia Vale do Rio Doce desbancou a Petrobras do posto de maior empresa brasileira em valor de mercado. Nesta sexta-feira (28/9), a mineradora alcançou um valor em bolsa de 286,036 bilhões de reais, ante os 285,333 bilhões da Petrobras. A ultrapassagem era um dos eventos mais esperados pelo mercado por alguns motivos( leia reportagem de EXAME ). Trata-se do confronto entre uma estatal que, durante décadas, dominou o panorama brasileiro, e uma ex-estatal que, privatizada, alcançou competitividade internacional. Além disso, o episódio também mostra a briga entre dois gigantes do mercado mundial de commodities que se beneficiam do bom momento da economia.

O cálculo baseou-se no número de ações que compõem o capital de cada empresa, multiplicado pela cotação dos papéis. A Vale é representada por 2,999 bilhões de ações ordinárias e por 1,919 bilhão de preferenciais, cujos preços unitários são, respectivamente, 61,95 reais e 52,20 reais - com quedas de 1,88% e 1,51% no pregão de hoje. Já a Petrobras conta com 2,536 bilhões de ordinárias - cotadas a 69,30 reais cada (recuo de 2,09%)- e 1,850 bilhão de preferenciais, negociadas por 59,20 cada (-1,91%). O Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo, fechou esta sexta em queda de 0.96%.

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Para os analistas, a Vale ganhou a corrida, sobretudo, por dois motivos. O primeiro é sua gestão altamente profissionalizada. Ex-estatal, a companhia hoje é um exemplo de formação de executivos de primeira linha, o que a leva a enfrentar inclusive o assédio de rivais e empresas de outros setores a seus melhores quadros ( leia reportagem de EXAME a respeito ).

Nível internacional

A profissionalização permitiu à empresa cortar custos e gerar resultados. Com dinheiro em caixa, também possibilitou identificar as melhores oportunidades de negócios. Um exemplo é a aquisição da canadense Inco, concluída no início deste ano. Durante o processo, parte dos analistas criticou a iniciativa, por considerar que a Inco estaria cara demais e por projetar um cenário negativo para o níquel - principal produto da canadense. A aquisição foi em frente e transformou a Vale na maior produtora mundial de níquel.

"É impressionante como a Vale acertou nessa compra", afirma Rodrigo Ferraz, analista do Banco Brascan. O principal argumento é o preço do níquel. Quando o processo de aquisição começou, no último trimestre de 2006, o metal era cotado a 23.000 dólares por tonelada. Em 9 de maio deste ano, o preço alcançou o recorde de 51.800 dólares. "Duvido que eles mesmos [a direção da Vale] esperassem tanta valorização do metal", diz.

A Inco é apenas o exemplo mais vistoso das aquisições realizadas pela mineradora nos últimos anos. Desde 2005, a Vale comprou cinco companhias mundo afora. Se forem considerados os acordos desde 2000, o número sobe para 18.

Um sinal de que a Vale estava ganhando terreno veio em maio, quando a consultoria Economática divulgou um estudo mostrando que, pela primeira vez, a mineradora havia conquistado o posto de empresa mais lucrativa da América Latina. A disputa foi vencida justamente sobre a Petrobras, que, durante 17 trimestres, havia liderado o ranking. A pesquisa baseou-se nos números do primeiro trimestre.

Sombra política

A Petrobras também apresenta bons números, mas o fato de ser uma estatal é visto com reservas pelo mercado. "No fundo, todo investidor desconta, das ações da Petrobras, a interferência política na sua administração", afirma um analista que prefere não ser identificado. Um exemplo recente foi a ruidosa saída de Ildo Sauer da diretoria de Gás e Energia. Sauer foi desalojado do posto por ser um desafeto da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

De certo modo, o resultado de um gestão que precisa equilibrar política e negócios é visto no balanço da estatal. Em 2006, mesmo com o petróleo batendo recordes, o lucro da Petrobras subiu 9%. Já a Vale registrou alta de 29% no mesmo período. "A Petrobras é uma boa empresa, mas poderia ser melhor. O problema é essa interferência do governo que, às vezes, fica muito explícita", diz o analista.

Embalo chinês

Bem posicionada no mercado e com uma estratégia afiada de atuação, a Vale pôde aproveitar ao máximo a expansão da economia chinesa - o fator mais óbvio a impulsionar os seus papéis nos últimos meses. "Na soma de fatores que ajudam a Vale, a China responde por 90%", diz Ferraz, da Brascan. Para sustentar sua expansão, o país vem aumentando as importações de commodities metálicas e agrícolas, o que está elevando os preços internacionais desses produtos.

O fenômeno se traduz em maiores reajustes nos contratos de fornecimento da Vale com os clientes. Neste ano, os rumores sugerem que a mineradora está pleiteando um aumento de 30% a 50% no preço do minério. Embora alto, a taxa é menor que os 75% que obteve em 2005, quando pressão das siderúrgicas européias, de um lado, e das asiáticas, de outro, não foi capaz de conter os preços.

Os observadores afirmam que a consolidação da companhia como a mais valiosa do Brasil depende, em parte, do sucesso da nova rodada de reajuste de preços. "Se a Vale conseguir esse índice, sua situação estará cimentada", diz um analista.

Veja o que já foi publicado por EXAME sobre a Vale

Veja o que já foi publicado por EXAME sobre a Petrobras

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