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Turbulência na Bovespa causa estragos em IPOs

Ações de novatas caem, enquanto Aliansce desiste de estréia e Estácio terá de vender papéis com valor 30% abaixo do mínimo previsto

EXAME.com (EXAME.com)
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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

A queda de mais de 6% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) nesta semana assustou não só o mercado, mas também as empresas que estão entrando ou se preparando para entrar na Bolsa. Nesta sexta-feira (27/7), três companhias começaram a operar no mercado acionário e já amargam perdas em seus papéis.

Às 14h17, as ações da Providência, do setor de não-tecidos, caíam 6%, para 14,10 reais. A têxtil Springs registrava desvalorização de 0,21%, cotada a 18,96%, enquanto a Multiplan, uma das maiores do setor de shoppings centers, registrava queda de 5,04% em seus papéis, negociados a 23,74 reais

Para tentar fugir da desvalorização, outra empresa de shoppings centers, a Aliansce, enviou nesta quinta-feira (26/7) à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um pedido de suspensão de sua oferta pública inicial (IPO) por 60 dias úteis. A companhia iria estrear na Bovespa na próxima segunda-feira (30/7), juntamente com o grupo educacional Estácio, que já contabiliza prejuízos antes mesmo de chegar à Bolsa.

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Suas ações, que pelas avaliações do banco UBS Pactual, coordenador do IPO, deveriam ter o preço inicial fixado entre 32,50 reais e 42,50 reais, sairão 30% abaixo do piso previsto. Com a cotação de 22,50 reais, a empresa captará com sua oferta primária apenas 252,11 milhões de reais, 171,86 milhões de reais a menos que o esperado. "As dúvidas sobre a economia dos Estados Unidos estão diminuindo o apetite dos investidores estrangeiros pelos IPOs. Quando se tem um evento de queda, como os que aconteceram essa semana, leva-se alguns dias para que os investidores analisem o cenário e voltem a demonstrar confiança no mercado", afirma o analista da corretora Spinelli, Daniel Gorayeb.

No primeiro semestre deste ano, as ofertas públicas somaram 21,466 bilhões de reais - três vezes mais que no mesmo período do ano passado -, sendo que a participação dos investidores estrangeiros nas operações foi de 15,747 bilhões de reais, ou seja, 73,4% do total. Aos pequenos investidores, as empresas destinam entre 10% e 20% de suas ações, mas eles não têm poder de interferir na formação de preço dos papéis, que é estabelecido com base nas ofertas dos investidores institucionais.

Com o grande volume de IPOs, e o histórico de rápida valorização, muitos investidores de varejo se animaram em praticar o que o mercado chama de "flipagem" - compra da ação durante a oferta pública para venda logo no primeiro dia de pregão. Algumas das últimas estréias, no entanto, mostraram que nem sempre essa tática traz bons resultados. As ações da Açúcar Guarani, por exemplo, caíram 3% no primeiro dia de negociação na Bovespa. Já as ações do Banco Cruzeiro do Sul tiveram desempenho ainda pior: 4% de desvalorização.

Preocupada com as flipagens, a Bolsa já e estuda medidas para limitar essas operações no mercado. O primeiro passo seria identificar e classificar quem constantemente vende as ações adquiridas em IPO como "investidor especulativo". Nos próximos IPOs, esses investidores teriam sua participação limitada, por medidas que ainda estão sendo desenvolvidas pela Bovespa. "Temos de incentivar o investimento nas empresas brasileiras, não a especulação. Essas medidas devem trazer mais racionalidade ao mercado, o que é bastante positivo para a Bolsa", diz Gorayeb.

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