Exame Logo

Pesquisadora do BC faz nova radiografia do spread bancário

Aprimoramento da metodologia de identificação dos componentes do spread no Brasil traz resultados bem diferentes dos atuais: o peso da inadimplência, por exemplo, se agrava mais de 10 pontos percentuais, passando de 16,73% para 27,63%. Já a participaçã

EXAME.com (EXAME.com)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Um estudo sobre spread bancário produziu mudanças que vão alterar completamente o debate sobre os entraves para o crédito no Brasil. A pesquisadora Ana Carla Abrão Costa, do Núcleo de Economia Bancária do Banco Central (BC), apresentou nesta terça-feira (9/11), um dos capítulos de sua tese de doutorado, em que propõe uma nova decomposição do spread (a diferença entre o custo de captação do banco e os juros cobrados do cliente, atualmente em 27,73 pontos percentuais na média) e conclui que a metodologia em vigor subestima custos administrativos e superestima lucros e tributos (veja tabela abaixo). A nova radiografia do spread foi apresentada em seminário promovido pela Serasa e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) nesta terça-feira (9/11) e, segundo a economista, deve ser encampada pelo BC nos próximos meses.

Como ponto de partida, Ana identificou quatro problemas na metodologia que vem sendo aplicada pelo BC desde outubro de 1999, quando foi lançado oprimeiro estudooficial da entidade sobre spreads. Há um "viés de seleção", diz Ana, provocado por uma amostra de apenas 17 bancos, "que não reflete a realidade do setor". Além disso, a definição dos custos administrativos é feita com base em uma regra de proporcionalidade simples sobre as receitas, e os compulsórios ficam de fora da estrutura do spread. Além disso, a margem líquida dos bancos é deduzida de uma "variável de resíduo", ou seja, todos os erros de mensuração acabam entrando na conta dos pretensos ganhos das instituições financeiras.

Veja também

As soluções propostas por Ana são ampliar a base de bancos pesquisados para 148, estimar os custos com base em cálculos mais precisos, reincluir o compulsório na estrutura do spread e reduzir ao máximo os erros de medida capturados pela variável de resíduo. A técnica do BC constatou diferenças significativas entre metodologias em todos os quesitos formadores do spread. No caso da carga tributária, a participação no spread com que o BC trabalha hoje é de 27,66%; pelo novo cálculo, representa 11,18%. Por outro lado, o peso da inadimplência se agrava 10,9 pontos percentuais, passando de 16,73% para 27,63%.

Componentes do spread - três abordagens

Proporção sobre spread (%)
Método em vigor, com amostra atual
(17 bancos)
Método novo, com amostra atual
(17 bancos)
Método novo, com amostra ampliada (148 bancos)
Custo adm.
17,21
21,12
29,36
Tributos
27,66
13,41
11,18
Compulsório
10,66
8,18
Inadimplência
16,73
23,03
27,63
Resíduo do banco
38,26
31,56
23,41
FGC*
0,11
0,22
0,24
* Fundo Garantidor do Crédito
Fonte: Ana Carla Abrão Costa, DEPEP/NEB/BC
Acompanhe tudo sobre:[]

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais de Minhas Finanças

Mais na Exame