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O negócio é manter as ações da Vale-FGTS

Quem comprou ações da Vale com o dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ou com recursos próprios não tem do que se queixar. Os fundos de privatização da Vale renderam nada menos que 56% desde o dia 27 de março, quando a operação foi iniciada. O desempenho da ação foi extraordinário, […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h33.

Quem comprou ações da Vale com o dinheiro do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) ou com recursos próprios não tem do que se queixar. Os fundos de privatização da Vale renderam nada menos que 56% desde o dia 27 de março, quando a operação foi iniciada. O desempenho da ação foi extraordinário, ainda mais quando se compara com o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), que caiu 34% entre março e setembro. Somente o dólar, com a puxada dos últimos dias, equiparou-se com a Vale em valorização.

As opções do investidor na Vale agora são quatro: a) voltar para o FGTS, realizando o lucro; b) migrar para um fundo Petrobras; c) migrar para um fundo FGTS carteira livre; d) deixar tudo como está.

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Levar o dinheiro de volta para o FGTS parece ser péssima idéia. Está certo que, ali, o trabalhador não corre o risco de ver seu capital diminuir. Quem investiu num fundo FGTS-Petrobras, por exemplo, perdeu 24% nos últimos seis meses. Mas o preço da segurança é alto: o FGTS é o pior investimento de renda fixa do mercado, pagando cerca de 5% ao ano. Ademais, voltar para o FGTS significa ter de esperar por outra oportunidade para retirar o dinheiro dali.

O governo anuncia que os trabalhadores terão nova chance de aplicar seu FGTS, desta vez em ações do Banco do Brasil. O problema é que quem faz o anúncio é o governo atual, e a operação só deverá acontecer em novembro, depois dos dois turnos da eleição. E o que vai pela cabeça do próximo presidente, ninguém sabe. Outra questão é que, se a venda de fato ocorrer, é muito provável que o governo permita a migração de um fundo de privatização FGTS diretamente para o das ações do BB, como aconteceu na venda da Vale.

Se não parece vantajoso sair da Vale e voltar para o FGTS, poderia ser atraente migrar para outros fundos de privatização. Existem os que contêm ações da Petrobras e os de carteira livre, que são mais diversificados, mesclando até mesmo papéis de renda fixa. Mesmo assim, a decisão é de risco. Do jeito que está o quadro eleitoral, é preciso considerar que a Petrobras pode vir a ser usada no combate à inflação , diz Valmir Celestino, gestor de renda variável do Banco Safra. Isso quer dizer que a remuneração do acionista poderia deixar de ser prioridade da maior empresa do Brasil. Acredito que, com a baixa da ação da Petrobras nas últimas semanas, esse risco já esteja precificado, mas isso não quer dizer que ela vá subir em curto prazo.

Resta, então, deixar tudo como está. A Vale é vista como uma ação defensiva, adequada para tempos difíceis. Isso porque se trata de uma grande empresa privada, eficiente e que tem hedge natural com sua receita vinda de exportações. É quase como comprar dólares , diz Celestino. Serve como porto seguro, embora, numa eventual retomada da bolsa, ela possa não acompanhar o mesmo ritmo de outras.

Mesmo para as pessoas que estejam em fundos FGTS-Petrobras, a melhor jogada parece também deixar tudo como está. Primeiro porque sair agora significaria realizar prejuízo. Depois porque, embora um governo de orientação populista possa prejudicar a rentabilidade da empresa, dificilmente ela seria sucateada. É hora, então, de ter paciência e esperar pelos primeiros movimentos do novo governo. Como o dinheiro do FGTS é de longo prazo, não vejo por que tomar uma atitude apressada , diz Celestino.

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