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A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) encerra 2004 em meio a uma transformação de sua carteira. Quatro novas empresas foram listadas no pregão, enquanto 28 cancelaram os registros neste ano. Outras 33 já haviam saído no ano passado. Os movimentos indicam que o volume de papéis listados diminuiu, mas o perfil da carteira tende a melhorar e se diversificar. (Se você é assinante, leia também reportagem de EXAME sobre a bolsa.) "No curto prazo, o número de companhias listadas não é tão importante. O principal é qualidade dos papéis", afirma Maria Helena Santana, superintendente de Relações com Empresas da Bovespa. Com o entra-e-sai, atualmente, cerca de 370 companhias estão listadas na bolsa (veja abaixo a relação de empresas que entraram e saíram da bolsa neste ano.)

Para o investidor, a qualidade é medida não apenas pela saúde financeira da companhia que está estreando na bolsa, mas também pelo nível de governança corporativa ao qual adere para entrar no pregão. Cientes de que o mercado de capitais está mais exigente, as estreantes buscaram se diferenciar. Natura, Grendene e Diagnósticos da América (Dasa) lançaram os papéis no Novo Mercado da Bovespa. Já a Gol entrou no Nível 2 de governança.

Outras três empresas que já estavam listadas na bolsa aproveitaram o interesse dos investidores para emitir ações e captar recursos: a América Latina Logística (ALL), a CPFL Energia e a Porto Seguro. A ALL pertence ao Nível 2 da Bovespa. As demais estão listadas no Novo Mercado.

"Enxugamento"

Segundo Maria Helena, a maior parte das empresas que cancelaram o registro nos últimos dois anos foram incorporadas por outros grupos. A Nitrocarbono, a Trikem e a Econômico SA Empreendimentos, todas incorporadas neste ano pela Braskem, são exemplos desse processo. Já a Bunge Brasil, cujo registro foi cancelado em outubro, é um caso de empresa estrangeira que optou por fechar o capital da subsidiária no país.
"Ainda teremos muito enxugamento na bolsa", afirma Maria Helena. Segundo ela, essa redução do número de papéis é reflexo da consolidação que ocorre em vários setores, como o elétrico, o bancário e o petroquímico.

Além disso, só faz sentido manter o capital aberto se a companhia deseja, realmente, ter acesso ao mercado de capitais para obter recursos. Muitas empresas têm uma parcela bem pequena do capital em circulação. Nessas condições, o custo de manutenção do registro de capital aberto não compensa o retorno e fechar o capital é uma opção. "Manter uma companhia aberta é caro e não compensa se não houver captação de recursos", afirma Alfried Plöger, presidente da Associação Brasileira das Companhias Abertas (Abrasca). Conforme Plöger, muitas outras empresas poderiam cancelar os registros junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) se a legislação não fosse tão rígida.

Diversificação e investidores

Maria Helena também destaca que a entrada das novas companhias contribuiu para diversificar o leque de papéis para o investidor. Uma das dificuldades dos gestores de fundos de investimento é a concentração das ações em poucos setores. Em conjunto, a indústria pesada e de telefonia somam 29 das 55 empresas que compõem o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa), formada pelos papéis de maior liquidez do pregão. Neste sentido, a dispersão das estreantes por diversos ramos produtivos ajuda a diversificar a carteira.

Não é apenas a chegada de novas empresas que animou a bolsa neste ano. As pessoas físicas também ampliaram a presença nas operações. Em novembro, esse grupo liderou as transações, com 28,9% do volume de negócios. Acabaram ficando à frente dos investidores estrangeiros (28,4%), institucionais (27,7%), instituições financeiras (12,6%), empresas (2,3%), e outros grupos (0,2%).

O crescimento das pessoas físicas reflete os programas de popularização do mercado de ações, realizados pela Bovespa. Para Maria Helena, é possível que a participação desse segmento nos negócios esteja próximo de se estabilizar. "Talvez as pessoas físicas não passem desse patamar, equilibrando-se com os outros tipos de investidores", diz.

Outra boa notícia é o incremento do volume negociado, que vem batendo sucessivos recordes nesse ano. Em 30 de novembro, a Bovespa superou, pela primeira vez, a marca dos 25 000 pontos, ao cravar 25 128 pontos. A marca foi superada em 6 de dezembro, quando o total negociado atingiu 1,317 bilhão de reais, estabelecendo um novo recorde (25 632 pontos).

Veja abaixo a relação de empresas que entraram e saíram da bolsa neste ano.