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ancos têm ociosidade de 50% em suas operações de crédito Estimativa é da Federação Brasileira de Bancos, com base no Acordo de Basiléia. Para a Acrefi, porém, maior demanda de crédito depende de fortalecimento da economia Márcio Juliboni Chega a parecer que o brasileiro - empresário ou consumidor - não precisa de dinheiro. Mas no […]

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

ancos têm ociosidade de 50% em suas operações de crédito

Estimativa é da Federação Brasileira de Bancos, com base no Acordo de Basiléia. Para a Acrefi, porém, maior demanda de crédito depende de fortalecimento da economia

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Márcio Juliboni

Chega a parecer que o brasileiro - empresário ou consumidor - não precisa de dinheiro. Mas no Brasil, as instituições financeiras operam com metade da capacidade de concessão de crédito. Isso significa que os bancos poderiam injetar no mercado mais 472 bilhões de reais, em valores de outubro. A estimativa é da própria Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Segundo Roberto Luis Troster, economista-chefe da federação, somente os cinco maiores bancos do país (Banco do Brasil, Bradesco, Itaú, Caixa Econômica Federal e Unibanco) têm uma sobra de caixa de 189 bilhões, em valores de agosto. (Se você é assinante de EXAME, leia reportagem.)

O cálculo baseia-se na diferença entre o que determina o Acordo de Basiléia, ao qual o Brasil aderiu em 1994, e o que o sistema bancário pratica. Pelo acordo, os bancos de países emergentes precisam ter capital próprio igual a, pelo menos, 11% do total de empréstimos concedidos. Ou seja, para um empréstimo de 100 reais, o banco deve dispor de 11 reais de recursos próprios. O restante poderá ser captado no mercado. Para os países desenvolvidos, a exigência é de 8%. A medida foi adotada para impedir que as instituições emprestem dinheiro demais, comprometendo a saúde de suas carteiras de crédito com operações de resgate duvidoso,como ocorreu recentemente com o Banco Santos.

No Brasil, porém, os bancos participam com 24% de recursos próprios, em média, nas operações de crédito. A porcentagem é mais que o dobro da exigida pelo acordo. A diferença, 13%, poderia ser usada para lastrear outra operação sem que isso comprometesse o enquadramento na norma internacional. "Para produzir crédito, é preciso funding [dinheiro disponível para alocação em linhas de crédito], e temos bastante capital para isso", diz Troster. O que falta, afirma o economista-chefe da Febraban, é o aumento da demanda por empréstimos nas atuais condições oferecidas pelos bancos.

Demanda e economia

Dobrar o volume de crédito em circulação, porém, não depende apenas da redução da participação do capital próprio dos bancos nos empréstimos. "É preciso que o crescimento econômico continue e a confiança do consumidor aumente", afirma Érico Ferreira, presidente da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi).

Ferreira lembra que o nível de financiamento do consumo brasileiro ainda é pequeno. Enquanto, no Chile, o crédito responde por 60% do consumo, no Brasil, essa taxa baixa para 25%. "Nos países desenvolvidos, o nível passa dos 100%", afirma. Ferreira também destaca o impacto do aumento da taxa de juros sobre as compras. "Não há dúvidas de que o maior impacto é psicológico e o consumidor deixa o crédito para depois", diz.

Troster concorda. "Com a alta dos juros, o crédito cai", afirma. Segundo ele, em 1994, a relação crédito/dívida pública era de 120%. Agora, a proporção diminuiu para 43%. Com uma fraca demanda pelo financiamento, os bancos buscam outras alternativas para seus recursos, conforme o economista. "O dinheiro que não é emprestado vai para os títulos públicos e privados", diz.

Entenda por que o crédito poderia dobrar
1. Atualmente, os bancos participam com 24 reais em recursos próprios
para cada empréstimo de 100 reais
2. Pelo Acordo de Basiléia, essa participação poderia ser de apenas
11 reais
3. A diferença, 13 reais, poderia lastrear um outro empréstimo
de 100 reais, sem que os bancos infringissem os limites do Acordo.
4. Isso significa que a carteira de crédito do país poderia dobrar,
se houvesse demanda.
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